
Beber Bebidas Alcoólicas é Pecado??
“Então, gastarás aquele dinheiro em tudo o que desejares: em bois, em ovelhas, em vinho, em bebida forte, e em tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o Senhor teu Deus, e te alegrarás, tu e a tua casa.”
Não. Beber álcool, em si, não é pecado segundo a Bíblia, mas a teologia adventista, guiada por Ellen G. White, transformou o consumo de qualquer quantidade de bebida alcoólica em prática intrinsecamente pecaminosa e incompatível com a salvação.
Versículos Bíblicos sobre o uso de vinho e bebida alcoólica
(Textos que mostram o uso normal e aceitável do vinho segundo a Bíblia)
1. Uso positivo e normal do vinho
Deuteronômio 14:26
“Então, gastarás aquele dinheiro em tudo o que desejares: em bois, em ovelhas, em vinho, em bebida forte, e em tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o Senhor teu Deus, e te alegrarás, tu e a tua casa.”
→ O vinho e a bebida forte são permitidos por Deus em contexto de festa espiritual.
Salmo 104:14-15
“[O Senhor] faz crescer a erva para o gado e as plantas para o serviço do homem, para da terra tirar o alimento, o vinho que alegra o coração do homem, o azeite que lhe faz reluzir o rosto, e o pão que lhe fortalece o coração.”
→ O vinho é mencionado como dádiva divina que alegra o coração humano.
Eclesiastes 9:7
“Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe, de coração contente, o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras.”
→ O vinho é apresentado como parte de uma vida aprovada por Deus.
Cânticos 1:2; 1:4; 5:1
“Melhor é o teu amor do que o vinho.”
“Celebramos o teu amor mais do que o vinho.”
“Comi o meu favo com o meu mel; bebi o meu vinho com o meu leite. Comei, amigos, bebei, embriagai-vos de amores.”
→ O vinho é mencionado como símbolo de alegria e celebração legítima.
Amós 9:13-14
“... os montes destilarão mosto, e todas as colinas se derreterão. Restaurarei o cativeiro do meu povo Israel [...] plantarão vinhas e beberão o seu vinho.”
→ Beber o vinho das próprias vinhas é apresentado como bênção de restauração.
Isaías 25:6
“O Senhor dos Exércitos dará neste monte a todos os povos um banquete de manjares gordurosos, um banquete de vinhos envelhecidos, de tutanos gordurosos e de vinhos purificados.”
→ Banquete escatológico descrito com vinhos envelhecidos como símbolo de abundância e alegria.
Zacarias 10:7
“E os de Efraim serão como um valente, e o seu coração se alegrará como pelo vinho.”
→ O vinho é símbolo de alegria dada por Deus.
Juízes 9:13
“Mas a videira lhes respondeu: Deixaria eu o meu vinho, que agrada a Deus e aos homens, para ir balouçar-me sobre as árvores?”
→ O vinho é declarado algo que “agrada a Deus e aos homens”.
2. Uso medicinal e cotidiano
1 Timóteo 5:23
“Não bebas somente água, mas usa um pouco de vinho por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades.”
→ Paulo recomenda vinho como tratamento medicinal legítimo.
Provérbios 31:6-7
“Dai bebida forte aos que perecem e vinho aos amargurados de espírito. Que bebam e se esqueçam da sua pobreza e das suas misérias.”
→ O vinho e a bebida forte são reconhecidos como paliativos em situações de dor e tristeza.
2 Samuel 16:2
“O rei disse a Ziba: Para que levas isso? Respondeu Ziba: Os jumentos são para a casa do rei montar, e o pão e os figos secos, para comerem os moços, e o vinho, para beberem os cansados no deserto.”
→ O vinho é usado para restaurar forças físicas.
Lucas 10:34
“E, chegando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele.”
→ O bom samaritano usa vinho como antisséptico medicinal.
3. Uso social e religioso
João 2:1-11 – As bodas de Caná
“O mestre-sala provou a água feita vinho e chamou o noivo, dizendo: ‘Todos põem primeiro o bom vinho, e quando já têm bebido fartamente, então o inferior; tu, porém, guardaste o bom vinho até agora.’”
→ Jesus transforma água em vinho e é elogiado pelo “bom vinho” — evidência de vinho verdadeiro.
Salmo 4:7
“Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se multiplicam o trigo e o vinho.”
→ O vinho é símbolo cultural de fartura e alegria.
Eclesiastes 10:19
“Para rir, fazem-se banquetes, e o vinho alegra a vida; e o dinheiro atende a todas as coisas.”
→ O vinho alegra a vida em contexto de festa.
Esdras 6:9
“O que for necessário — novilhos, carneiros e cordeiros, para holocaustos ao Deus dos céus, trigo, sal, vinho e azeite — lhes seja dado dia a dia, sem falta.”
→ O vinho é parte da provisão normal para o culto e sacrifícios.
Neemias 10:39; 13:5
“Trouxeram-se os dízimos dos grãos, do vinho e do azeite aos armazéns da casa de nosso Deus.”
→ O vinho está entre os produtos ofertados ao Senhor.
4. Textos de advertência (contra o abuso, não contra o uso)
Provérbios 20:1
“O vinho é escarnecedor e a bebida forte alvoroçadora; todo aquele que por eles é vencido não é sábio.”
→ Adverte contra ser dominado, não contra o uso em si.
Provérbios 23:29-35
“Para quem são os ais? Para quem as pelejas? [...] Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho [...] No fim, morderá como a cobra e como o basilisco picará.”
→ Exortação contra o excesso e a embriaguez.
Efésios 5:18
“E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito.”
→ Proibição da embriaguez, não da bebida em si.
Romanos 13:13
“Andemos honestamente [...] não em orgias e bebedices, nem em desonestidades.”
→ O problema é o descontrole e a devassidão.
1 Coríntios 6:10
“Nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.”
→ Condenação da embriaguez, não do consumo moderado.
O ensino adventista: abstinência total como “vontade de Deus”
A Igreja Adventista do Sétimo Dia, influenciada pelas visões de Ellen G. White, proíbe qualquer uso de álcool, não apenas a embriaguez. Essa proibição é apresentada como parte da “Mensagem de Reforma de Saúde”, que, por sua vez, é ligada à mensagem do terceiro anjo, ao “evangelho eterno” de Apocalipse 14 e à preparação de um povo “apto para a trasladação”.
Na prática, isso significa que a abstinência completa de álcool é tratada como parte do pacote que identifica o “remanescente fiel”. Quem bebe, ainda que moderadamente, é visto como espiritualmente inconsistente ou em rebelião contra a luz que Deus teria dado por meio de Ellen White.
O que Ellen White disse sobre vinho e álcool
A peça central da posição adventista é a afirmação categórica de Ellen White de que a Bíblia nunca aprova o uso de vinho intoxicante.
“A Bíblia em parte alguma sanciona o uso de vinho intoxicante. O vinho que Cristo fez da água na festa de casamento em Caná era o puro suco da uva. Este é o ‘vinho novo [...] achado no cacho’, de que a Escritura diz: ‘Não o desperdices, pois há bênção nele’ (Isaías 65:8).”
— Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver (The Ministry of Healing), página 333.
Em outro lugar, White classifica o álcool (junto com chá, café e tabaco) como indulgência pecaminosa.
“O chá, o café, o tabaco e o álcool devemos apresentar como indulgências pecaminosas. [...] Os primeiros — chá, café, tabaco, cerveja, vinho e todas as bebidas alcoólicas — não devem ser tomados moderadamente, mas abandonados.”
— Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, Volume 3, página 287.
E ainda afirma:
“A embriaguez é produzida tão realmente pelo vinho, pela cerveja e pela sidra como pelas bebidas mais fortes. O uso dessas bebidas desperta o gosto por coisas mais fortes, e assim o hábito da bebida se estabelece. O beber moderado é a escola em que as pessoas são educadas para a carreira do bêbado.”
— Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, página 333.
O conflito com os dados bíblicos
1. Deus ordenando o consumo de vinho e bebida forte
Em Deuteronômio 14:26, Deus autoriza explicitamente o uso de vinho e bebida forte em contexto de celebração santa, o que contradiz a declaração de Ellen White de que “a Bíblia em parte alguma sanciona o uso de vinho intoxicante”.
2. O testemunho positivo sobre o vinho
Salmo 104:14-15 descreve o vinho como uma dádiva divina que “alegra o coração do homem”, mostrando que o consumo moderado é parte da normalidade da vida abençoada.
3. Jesus e o vinho
Em João 2, Jesus produz o melhor vinho para uma festa de casamento. O termo grego “oinos” refere-se a vinho fermentado. Reinterpretar esse milagre como suco de uva é anacronismo moderno, nascido do movimento de temperança do século XIX.
O que a Bíblia realmente condena: embriaguez, não o uso moderado
A Escritura é clara: a condenação recai sobre a embriaguez e o descontrole, não sobre o uso moderado e responsável:
“E não vos embriagueis com vinho.” (Efésios 5:18)
“Andemos honestamente [...] não em orgias e bebedices.” (Romanos 13:13)
“Nem bêbados herdarão o reino de Deus.” (1 Coríntios 6:10)
Ao mesmo tempo, o vinho é reconhecido como símbolo de alegria, bênção e comunhão. A Bíblia equilibra advertência com permissão, sem cair em extremos.
A escalada adventista: do conselho à salvação
No sistema adventista, o tema do álcool deixou de ser uma questão de saúde e tornou-se um indicador de salvação.
Ellen White integrou a abstinência total na Reforma de Saúde, que, segundo ela, é parte essencial da mensagem do terceiro anjo — o que acabou transformando a dieta e o estilo de vida em condição para o preparo espiritual.
Assim, algo que a Bíblia apresenta como questão de domínio próprio e sabedoria virou um marcador soteriológico dentro do adventismo.
Conclusão: o erro adventista e o padrão bíblico
A Bíblia condena o abuso, a embriaguez e a falta de domínio próprio.
A Bíblia não ensina que qualquer consumo de álcool, em qualquer quantidade, seja automaticamente pecado.
A Bíblia reconhece o vinho e até a “bebida forte” como parte da vida comum, inclusive em contextos religiosos e festivos.
Ellen G. White, porém:
Afirma que a Bíblia “em parte alguma” sanciona o uso de vinho.
Diz que Jesus fez apenas suco de uva nas bodas de Caná.
Classifica o álcool como “indulgência pecaminosa”.
Transforma abstinência total em sinal de pureza espiritual.
Ao fazer isso, Ellen White ultrapassa o texto bíblico e cria um mandamento humano.
A embriaguez é pecado. O uso responsável e moderado do vinho, com gratidão a Deus, não é.
Transformar o uso moderado em pecado absoluto é distorcer o evangelho da graça — exatamente o tipo de farisaísmo que o Novo Testamento condena.
O Abuso do Álcool: Advertência Bíblica, Não Proibição Total
A Bíblia nunca incentiva o abuso do vinho — ela o alerta como um caminho perigoso que conduz à insensatez e destruição. Desde o Antigo Testamento, as advertências contra a embriaguez são claras e intensas, mostrando que o pecado está na perda do domínio próprio, não no uso moderado e responsável.
Provérbios 20:1 declara: “O vinho é escarnecedor e a bebida forte, alvoroçadora; todo aquele que por eles é vencido não é sábio.”
Este texto não proíbe o vinho — mas adverte contra ser dominado por ele.
Provérbios 23:29-35 também condena o excesso: “No fim, morderá como a cobra e como o basilisco picará.”
Aqui, a ênfase não está em rejeitar o vinho como algo intrinsecamente mau, mas em reconhecer o perigo da embriaguez. O problema não está no cálice, mas no coração que perde o controle.
O apóstolo Paulo reforça a mesma linha:
“E não vos embriagueis com vinho, em que há devassidão, mas enchei-vos do Espírito.” (Efésios 5:18)
A linguagem é moral e espiritual: o perigo é a corrupção do discernimento e da sobriedade. A solução não é o extremismo da abstinência universal, mas o cultivo da autocontenção e da plenitude do Espírito Santo.
Jesus, em contraste, não proíbe o vinho; Ele o usa em celebrações e metáforas espirituais. Seu primeiro milagre foi, justamente, transformar água em vinho — e foi elogiado por produzir o melhor (João 2:10). Se o vinho fosse, por princípio, um elemento pecaminoso, Cristo jamais teria se associado a ele.
Portanto, o ensino equilibrado da Escritura é claro:
O vinho deve ser usado com moderação e gratidão.
A embriaguez deve ser evitada a qualquer custo.
O domínio próprio, fruto do Espírito, é o verdadeiro antídoto contra o abuso.
Um Alerta Contra Interpretações Falsas e Extremistas
Transformar advertências bíblicas em proibições universais é distorcer a Palavra de Deus. A Bíblia ensina moderação e sabedoria; o legalismo ensina medo e escravidão.
Grupos religiosos e líderes — inclusive Ellen G. White e o sistema de saúde adventista — caíram no erro de proibir o que Deus permite, impondo como doutrina aquilo que era apenas conselho. Isso é o mesmo espírito farisaico que Jesus denunciou: “Anulam a Palavra de Deus por causa da vossa tradição” (Marcos 7:13).
O verdadeiro crente não vive pela tirania de regras humanas, mas pela liberdade do Espírito Santo. A maturidade cristã não está em negar o vinho, mas em usar todas as coisas com gratidão e autocontrole.
Em outras palavras, a Bíblia manda fugir da embriaguez — não do vinho. O perigo não está no que entra pela taça, mas no coração que não sabe quando parar.