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    Expulsa da Igreja Adventista por Não Crer em Ellen White
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    Expulsa da Igreja Adventista por Não Crer em Ellen White

    Expulsa da Igreja Adventista por não crer em Ellen White? Entenda como o controle e a coerção afetam a liberdade cristã e descubra a verdade bíblica

    29 de dezembro de 202510 min min de leituraPor Rodrigo Custódio

    1. Uma vida inteira dedicada à igreja

    A narradora, hoje com 47 anos, conheceu a Igreja Adventista há 30 anos e dedicou os últimos 22 anos à liderança ativa dentro da denominação. Seu currículo eclesiástico é extenso e impressionante: diretora de pequeno grupo por 7 anos, diretora de Escola Sabatina, tesoureira, líder de mordomia cristã, Ministério da Mulher, professora de Escola Sabatina, Aventureiros, Desbravadores, limpeza da igreja, compras e toda tarefa que lhe era designada — sempre com "grande alegria".

    Nos últimos dois anos de sua jornada adventista, ela ocupava a posição de primeira anciã da igreja e atuava também no Ministério da Família. Toda a sua identidade, rede social, vida familiar e sentido de propósito estavam entrelaçados com a Igreja Adventista. Seus dois filhos foram criados e educados integralmente dentro do sistema adventista. Ela conheceu o marido ali. Sua casa e todos os seus bens materiais eram dedicados à igreja.

    Financeiramente, ela jamais deixou de dizimar sobre tudo que recebia, sempre acrescentava 5% de oferta regular, e quando a igreja precisava, aumentava para mais 5%. Além disso, contribuía para Desbravadores, Aventureiros e outros projetos. Nunca consumiu alimentos ou bebidas proibidas pela igreja, vestia-se com "decência", trabalhava na área da saúde e, mesmo sofrendo muito, nunca trabalhou num sábado — mas trabalhava arduamente durante as "horas sagradas" em atividades da igreja.

    Ela vivia com a certeza de estar no "caminho certo para alcançar a salvação", na "igreja verdadeira", trabalhando para "apressar a volta de Jesus". Tudo fazia sentido. Até que algo quebrou.

    2. O gatilho: um problema em alto escalão e a busca por respostas

    A narradora relata que presenciou "um problema em alto escalão dentro da igreja adventista" (não especificado no áudio, mas possivelmente envolvendo abuso de poder, imoralidade ou incoerência doutrinária entre líderes). Esse evento a levou a decidir estudar a origem da igreja adventista.

    Foi aí que, como ela diz poeticamente, "meu castelo de cartas caiu". Sonhos, planos, certezas — tudo desabou. Ela que antes "sabia quem era, sabia de tudo", de repente entrou numa crise profunda de identidade e fé. O ponto central de sua dúvida era o juízo investigativo, doutrina distintiva adventista que ensina que, desde 1844, Cristo está no "lugar santíssimo" do santuário celestial, investigando a vida dos crentes para determinar quem é digno de salvação.

    Essa doutrina é central para a autocompreensão adventista como "remanescente". Questioná-la é, na prática, questionar a razão de ser da igreja.

    3. A busca por diálogo e o início da perseguição

    Com o coração angustiado, ela procurou amigos e irmãos para estudarem juntos, tirarem dúvidas, conversarem sobre o juízo investigativo à luz da Bíblia. Ela queria contar o que estava descobrindo, entender melhor, dialogar — não sair, não dividir, não destruir, mas compreender.

    Alguns a ouviram e, mesmo discordando, continuaram amigos. Outros foram direto ao pastor. Pessoas começaram a vigiá-la, fazendo perguntas estratégicas apenas para levar informações adiante. O pastor levou o caso à associação.

    Quando ela foi visitada, a sentença já estava proferida. Ela não tinha certezas, apenas dúvidas. Mas, mesmo assim, foi imediatamente:

    • Proibida de pregar.

    • Proibida de ajudar no louvor.

    • Proibida de participar de qualquer atividade na igreja.

    Estava, de fato, sob censura informal e vigilância, mesmo sem ter sido formalmente disciplinada.

    4. A Semana Santa virou semana de Ellen White

    Logo depois, iniciou-se a Semana Santa, período tradicionalmente dedicado à reflexão sobre a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Mas, naquele ano, trocaram o tema. Em vez de pregar sobre o sofrimento de Cristo no Calvário, pregaram sobre o espírito de profecia (Ellen White).

    Essa mudança temática não foi acidental. Era uma resposta direta ao questionamento da narradora: a liderança estava usando a semana mais sagrada do calendário cristão para reafirmar a autoridade de Ellen White e pressionar a igreja a se alinhar com a doutrina oficial.

    5. A visita pastoral: ameaças e coação

    Ao final dessa semana, num sábado à tarde, ela recebeu uma visita em sua casa: o pastor distrital, o pastor da associação e dois anciãos (que ela chama de "meus amados irmãos"). Eles explicaram a ela e ao marido que "crer em Ellen White é uma doutrina da igreja".

    Ambos disseram que ainda estavam em dúvida. Ela expressou que não estava pronta para receber uma disciplina tão severa, especialmente depois de tantos anos de dedicação. A resposta do pastor foi direta e ameaçadora: "Prepare-se para algo pior, que provavelmente será remoção".

    Ela argumentou que não estava fazendo nada errado. Em meio às lágrimas, implorou que não fizessem isso, dizendo que não conseguiria suportar naquele momento. Foi aí que o pastor usou uma tática de intimidação psicológica e espiritual: "Quem sai da igreja adventista normalmente se divorcia, e os filhos vão para o mundo".

    Essa frase revela a visão apocalíptica e coercitiva do adventismo: deixar a organização não é apenas perder uma comunidade religiosa — é destruir a família, perder a salvação e entregar os filhos ao mal. É uma tática de controle baseada em medo.

    Ela relata: "Fiquei no chão, tamanho o golpe que recebi".

    6. A comissão de igreja: resistência dos membros e pressão de cima

    No domingo à noite, após o culto, o pastor reuniu a comissão da igreja. A narradora teve apenas 5 minutos para fazer seu apelo. Depois disso, a comissão ficou deliberando até meia-noite, porque a maioria dos membros não consentia em removê-la.

    Mesmo assim, o pastor avisou pessoalmente que o voto era por remoção. Quinze dias depois, o assunto foi levado à assembleia da igreja, num sábado à tarde, às 16h. Novamente, a igreja, a princípio, não aceitou a remoção.

    Foi então que o presidente da associação veio pessoalmente. Quando questionado sobre o que aconteceria se a igreja não aceitasse a remoção, ele respondeu com uma ameaça institucional brutal: "A igreja será rebaixada a grupo, e a associação decidirá".

    Em outras palavras: se vocês não removerem essa mulher, perdem o status de igreja organizada, perdem autonomia, e nós (a associação) vamos decidir por vocês. É um golpe administrativo clássico: usar o poder hierárquico para forçar uma decisão que a base não quer tomar.

    Diante dessa coerção, a igreja votou pela remoção para não ser rebaixada a grupo. A narradora reconhece: "A eles também não foi dada opção".

    7. A farsa do convite para estudar juntos

    Durante a assembleia, o presidente da associação, ao ver a quantidade de pessoas presentes defendendo a anciã, ofereceu-se para "estudar com ela". Mas isso só aconteceu depois de uma semana inteira de lágrimas, pedidos e angústia da parte dela — e já na frente de toda a igreja reunida, quando tudo estava decidido.

    Ela percebeu a hipocrisia: "Esperar chegar numa situação em que estava todos já presentes na igreja para se oferecer para estudar comigo?"

    Além disso, o pastor tentou inverter a narrativa, dizendo que ela é que queria sair, que estava sendo removida porque queria. Mas ela deixa claro: "Não era assim. Eu não tinha tempo nem de absorver, nem de entender o que estava acontecendo ali".

    Ela confiava que a igreja não a removeria, porque conhecia aquele povo, eram seus irmãos, ela sabia que eles não queriam removê-la. E estava certa — mas não contava com a pressão institucional de cima.

    8. A sentença: removida por pensar diferente

    A conclusão oficial foi que ela e o marido poderiam convencer pessoas a sair da igreja. Mas ela questiona: "Sendo que nós mesmos não queríamos sair, porque não tínhamos para onde ir. Tirar as pessoas dali para quê?"

    Eles queriam ficar. Queriam reunir a igreja, conversar sobre o assunto, entender o juízo investigativo à luz da Palavra de Deus. Não queriam dividir, não queriam sair. Mas isso não importou.

    Foram removidos não porque estavam vivendo em pecado, não porque não acreditavam em Deus, mas porque ousaram discordar, desobedecer e pensar por si mesmos.

    9. A descoberta dolorosa: "Eu estava numa seita"

    Ela relata: "Apesar de tudo que eu tinha estudado e aprendido sobre os erros da igreja, eu nunca pensei que a igreja seria tão cruel com alguém que só fez bem pra igreja e se dedicou por tantos anos ali".

    Durante o processo, ela se agarrava à esperança de estar errada sobre suas dúvidas. Mas ao ver a forma covarde como foram tratados, ela entendeu: "Eu estava durante tantos anos ali numa seita".

    A narradora então expressa o dilema existencial adventista clássico: "E agora para onde vamos? Lá fora tem a Babilônia, todas as outras igrejas, filhas da Babilônia". Esse é o cativeiro mental que o adventismo cria: mesmo quando você descobre os erros, o medo do "mundo lá fora" te paralisa.

    Ela adoeceu, chorou, fez "birra como criança na presença de Deus", questionando como pôde passar 22 anos dentro daquela igreja. Mas acabou por entender: "A igreja adventista realmente era uma seita e que quem não pensa igual não é bem-vindo ali. Você só é bem-vindo se você servir a igreja adventista sem questionar".

    10. Recomeço e liberdade em Cristo

    Com muita dor, traumas e tristeza, ela e o marido juntaram os pedaços e, com a ajuda de Deus, estão recomeçando a vida. Ela encerra com uma imagem poderosa de liberdade: "Hoje, após sermos retirados quase à força da igreja adventista do Sétimo Dia, eu tenho aprendido a beber a água limpa direto da fonte, que é a palavra de Deus".

    11. Análise final: controle, coerção e a manutenção da ortodoxia

    Este relato expõe várias camadas do funcionamento sectário do adventismo institucional:

    11.1. Controle doutrinário absoluto

    Questionar Ellen White ou o juízo investigativo não é tratado como liberdade teológica legítima, mas como apostasia em potencial. Não há espaço para dúvida sincera, diálogo ou reforma interna.

    11.2. Vigilância e denúncia

    Membros viram informantes, fazendo perguntas estratégicas para reportar ao pastor. Cria-se um clima de medo e desconfiança, onde ninguém pode expressar dúvidas sem risco de exclusão.

    11.3. Pressão institucional sobre igrejas locais

    Quando a base resiste à remoção, a hierarquia usa ameaças administrativas (rebaixamento a grupo, perda de autonomia) para forçar a mão da igreja local. Isso viola o suposto sistema "representativo" adventista.

    11.4. Manipulação emocional e espiritual

    O uso da frase "quem sai se divorcia e os filhos vão para o mundo" é coação psicológica pura, projetando sobre a vítima a responsabilidade por desastres futuros caso ouse deixar a organização.

    11.5. Inversão de narrativa

    Tentar dizer que a vítima "quer sair" quando ela está implorando para ficar é gaslighting institucional: fazer a pessoa duvidar de sua própria percepção da realidade.

    11.6. Exclusão como punição por pensamento

    A remoção não foi por conduta moral, mas por crime de pensamento: ter dúvidas e verbalizá-las. Isso define uma seita: onde a ortodoxia ideológica importa mais que a conduta ética.

    11.7. Cativeiro mental via doutrina de "Babilônia"

    A doutrina de que todas as outras igrejas são "Babilônia" cria uma prisão psicológica: mesmo quando você vê os erros, o medo do "mundo lá fora" te impede de sair. É uma forma de abuso espiritual.


    Este testemunho é um chamado urgente para que membros adventistas sinceros reconheçam: uma igreja que remove alguém por duvidar, que usa ameaças para silenciar, que manipula famílias com medo, que prefere proteger Ellen White em vez de Cristo, e que pune o pensamento crítico não é "remanescente fiel" — é sistema de controle sectário.

    A boa notícia é que, como a narradora descobriu, há vida, fé e liberdade depois do adventismo. A água limpa da Palavra de Deus está disponível para todos, sem intermediários humanos, sem juízo investigativo, sem espírito de profecia — apenas Cristo, sua graça e sua verdade.

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