
O Dízimo do Medo: A Teologia da Coerção Financeira na Voz de Erton Köhler e Ellen White
Análise bíblica crítica expõe o dízimo coercitivo adventista defendido por Erton Köhler e Ellen White. Entenda as falhas e descubra a verdade.
O Pastor Erton Köhler (atual Presidente Mundial da IASD) utiliza uma retórica de crise para exigir fidelidade financeira absoluta, apresentando o dízimo não como uma resposta de gratidão, mas como um teste de lealdade imposto por Deus, que "cria ou permite o problema" para provar o fiel. Ele defende a centralização total dos recursos na organização (não na igreja local), a separação do dízimo sobre salário, heranças e presentes, e exorta os membros a "quebrarem suas contas" para manterem a fidelidade institucional.
Este artigo demonstra que essa mensagem é o eco fiel do legalismo financeiro de Ellen White, que transformou o dízimo em um imposto eclesiástico obrigatório, sob pena de maldição e perda da salvação. Biblicamente, tal ensino subverte a liberdade cristã, impõe um jugo levítico abolido e distorce a natureza da providência divina.
1. O Dízimo como "Devolução" e a Centralização Institucional
A Tese de Erton Köhler:
"Dízimo não é dado, é devolvido... Esse recurso nunca foi meu e nunca foi seu... A menor parte pertence àquele que é o dono de tudo."
A Fonte (Ellen White):
Erton Köhler está repetindo o dogma da centralização estabelecido por White.
"A parte que Deus reservou para Si não deve ser desviada para nenhum outro desígnio que não aquele por Ele especificado... O dízimo deve ser trazido ao Seu tesouro [a Associação/Conferência], para ser empregado em manter os obreiros."
— Testemunhos para a Igreja, Vol. 9, p. 247.
"Muitos confessaram não terem devolvido o dízimo... Deus não pode abençoar os que O estão roubando... O dízimo atrasado é propriedade de Deus."
— Conselhos sobre Mordomia, p. 86-87.
Refutação Sola Scriptura:
Dízimo no NT: O Novo Testamento não contém um único mandamento para os cristãos "devolverem" 10% de sua renda a uma organização centralizada. As ofertas eram coletas para os pobres (1 Coríntios 16:1-2) e sustento de missionários (Filipenses 4:15-18), sempre voluntárias ("conforme prosperou" e "não com tristeza ou por necessidade" - 2 Co 9:7).
A Casa do Tesouro: A teologia adventista identifica o "Tesouro" de Malaquias 3:10 com o escritório da Associação/Conferência, proibindo que o dízimo fique na igreja local para pagar luz ou água. Biblicamente, o dízimo levítico sustentava os levitas, os órfãos, as viúvas e os estrangeiros (Deuteronômio 14:28-29). A centralização exclusiva para "pagar pastores" e a proibição de uso local ou caritativo é uma invenção administrativa sem base bíblica.
2. A Teologia da Crise: Deus como Gerador de Problemas
A Tese de Erton Köhler:
"A crise financeira é uma oportunidade que eu [Deus] estou lhe dando para você me mostrar se é capaz de viver pela fé... Deus causa o problema ou permite o problema para ter certeza se Ele é o primeiro."
A Fonte (Ellen White):
"Homens há a quem Deus tem abençoado e a quem está provando, para ver que resposta darão aos Seus benefícios... Deus prova o Seu povo... Ele permite que a escassez venha para ver se eles confiarão nEle."
— Conselhos sobre Mordomia, p. 96.
"Aquele que retém o que é de Deus será amaldiçoado... A maldição de Deus repousará sobre os que roubam a Deus."
— Testemunhos para a Igreja, Vol. 3, p. 269.
Refutação Sola Scriptura:
O Caráter de Deus: Deus não cria crises financeiras para "testar" se vamos pagar a Ele. Jesus ensinou que o Pai dá boas coisas aos que lhe pedem (Mateus 7:11). Atribuir a escassez a um teste divino de arrecadação transforma o Pai Celestial em um cobrador de impostos que quebra as pernas do devedor para ver se ele paga.
A Fé Verdadeira: A fé bíblica confia na provisão de Deus apesar da crise, não por causa de um teste de solvência. O teste de Deus não é "pague-me primeiro ou sofra", mas "busque o Reino e o resto será acrescentado" (Mateus 6:33). O foco é o Reino, não a manutenção da máquina institucional.
3. "Quebre suas Contas": O Legalismo Financeiro Extremo
A Tese de Erton Köhler:
"Experimente quebrar as suas contas e viver pela fé... Separe o que é de Deus primeiro... Chegou uma herança, um presente, um salário: primeiro Deus."
A Fonte (Ellen White):
"Aquele que se apropria da porção do Senhor... é um ladrão... O homem que rouba a Deus está roubando a si mesmo... perderá o tesouro celestial."
— Conselhos sobre Mordomia, p. 86-87.
"Primeiro o dízimo, então as ofertas... ponha de parte o dízimo como um fundo separado, para ser sagradamente do Senhor."
— Conselhos sobre Mordomia, p. 81.
Refutação Sola Scriptura:
Prioridade Ética: A Bíblia diz: "A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor" (Romanos 13:8). O cristão deve honrar seus contratos e pagar suas dívidas. Aconselhar alguém a "quebrar as contas" (deixar de pagar luz, aluguel, fornecedores) para enviar dinheiro à organização é imoralidade financeira travestida de fé. É dar "Corbã" (oferta a Deus) enquanto se negligencia a justiça e a honestidade (Marcos 7:11-13).
Dízimo sobre Presentes/Herança: A lei do dízimo era sobre o fruto da terra e dos rebanhos (Levítico 27:30). Não havia dízimo sobre dinheiro achado, presentes ou venda de propriedades (exceto votos voluntários). A extensão do dízimo a "tudo o que passa pela mão" (herança, presentes) é uma expansão farisaica do mandamento, visando maximizar a arrecadação institucional.
Conclusão: O Jugo que Cristo Quebrou
A mensagem do Pastor Erton Köhler, ancorada nos escritos de Ellen White, constrói uma Soteriologia Financeira: a sua fidelidade a Deus é medida pelo seu extrato bancário com a organização. Se você não paga, você é um ladrão, está sob maldição e Deus lhe enviará crises para "provar" você.
Isso não é Evangelho; é a Lei, e uma Lei distorcida.
No Evangelho, Cristo se fez maldição por nós (Gálatas 3:13) para nos livrar da maldição da Lei.
No Evangelho, Deus dá seu Filho antes de nós darmos qualquer coisa (Romanos 5:8).
No Evangelho, a doação é fruto da liberdade do Espírito, não do medo da crise ou da coerção institucional.
O cristão deve rejeitar essa teologia do medo. Deus não é um agiota celestial. Sua provisão não depende de "quebrarmos nossas contas" para sustentar uma burocracia, mas de confiarmos nAquele que veste os lírios do campo e alimenta as aves do céu, sem cobrar 10% de taxa de serviço.
Referências Bibliográficas
WHITE, Ellen (). Testemunhos para a Igreja, Vol. 9. .
(). 1 Coríntios 16:1-2. Bíblia.
(). Filipenses 4:15-18. Bíblia.
(). 2 Co 9:7. Bíblia.
(). Malaquias 3:10. Bíblia.
(). Deuteronômio 14:28-29. Bíblia.
WHITE, Ellen (). Testemunhos para a Igreja, Vol. 3. .
(). Mateus 7:11. Bíblia.
(). Mateus 6:33. Bíblia.
(). Romanos 13:8. Bíblia.
(). Marcos 7:11-13. Bíblia.
(). Levítico 27:30. Bíblia.
(). Gálatas 3:13. Bíblia.
(). Romanos 5:8. Bíblia.
WHITE, E. G. (). Conselhos sobre Mordomia. Casa Publicadora Brasileira.
WHITE, Ellen (). Conselhos sobre Mordomia. .
WHITE, E. G. (). Testemunhos para a Igreja. CPB.
(). Bíblia Sagrada. .
CARSON, D. A. (). A Teologia da Prosperidade e o Novo Testamento. .