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    O Jesus de Ellen White: Um Salvador que Precisava de Salvação?
    Eleazar Domini

    O Jesus de Ellen White: Um Salvador que Precisava de Salvação?

    Desmontando a Cristologia da "Natureza Pecaminosa" e Refutando a Defesa Desonesta de Eleazar Domini

    27 de dezembro de 20259 min min de leituraPor Rodrigo Custódio

    1. Introdução: A Hipocrisia da "Ortodoxia" Adventista

    No vídeo recente do canal Fala Sério Pastor, Eleazar Domini ataca o reverendo Augustus Nicodemus com uma fúria polida, acusando-o de mentir e de ser "teologicamente raso". A ofensa de Nicodemus? Ter lido, ipsis litteris, um texto de Ellen White afirmando que Jesus tinha uma "natureza pecaminosa".

    Domini, assumindo a postura de um catedrático ofendido, tenta reescrever o dicionário. Ele argumenta que quando Ellen White diz "natureza pecaminosa", ela quer dizer "apenas fraquezas físicas", como fome e cansaço, e nunca "tendências morais" ou corrupção interior. Ele desenha gráficos, faz distinções entre "debilidades inocentes" e "propensões pecaminosas" e termina posando de vítima da ignorância evangélica.

    Mas este artigo não vai lidar com a retórica de Domini. Vamos lidar com os fatos. E o fato devastador é que a defesa de Domini é uma invenção moderna. Ele está defendendo uma Cristologia que os próprios pioneiros do Adventismo — incluindo Ellen White em seus momentos mais explícitos — rejeitariam como "católica" e "papista".

    Ao tentar salvar Ellen White de ser uma herege, Domini a transforma em uma mentirosa confusa. Se ela precisava de 40 minutos de vídeo e gráficos coloridos para explicar que "pecaminosa" não significa "pecaminosa", então sua "inspiração" falhou miseravelmente em comunicar a verdade mais básica do Evangelho.

    2. A Heresia Central: Jesus Tinha Vantagem?

    O coração do debate não é se Jesus sentia fome. Isso é óbvio. O coração da teologia adventista do "Grande Conflito" exige que Jesus não tenha nenhuma vantagem sobre nós.

    • Se Jesus tivesse uma natureza moralmente pura (como Adão antes da queda), Ele não poderia ser nosso exemplo perfeito, dizem eles.

    • Para que a vitória de Jesus sobre o pecado conte como prova de que nós podemos guardar a Lei perfeitamente, Ele tinha que jogar no nosso nível, com o nosso "equipamento" avariado.

    Ellen White não escreveu sobre a natureza de Cristo para defender a divindade dEle; ela escreveu para defender a possibilidade da perfeição humana. Se Jesus venceu o pecado com uma natureza caída, você também pode. Se Ele tinha uma natureza santa, a vitória dEle não serve de modelo para a sua perfeição.

    É por isso que Domini luta tanto. Se ele admitir que Jesus tinha uma natureza moralmente superior à nossa (sem a corrupção do pecado original), toda a soteriologia adventista do "Sede Perfeitos" desmorona.

    3. Refutação Bíblica: O Santo de Deus vs. O Jesus Caído

    A Bíblia é clara como cristal, e devasta a teologia da "natureza pecaminosa" (seja física ou moral):

    A. O Santo que Nasceu (Lucas 1:35)
    O anjo Gabriel não disse a Maria: "O ente que nascerá de ti terá a natureza de Adão caída, mas resistirá". Ele disse: "O ente santo que de ti há de nascer será chamado Filho de Deus".
    A palavra hagios (santo) refere-se à constituição ontológica de Jesus. Ele não era "santo" apenas porque não pecou (ato); Ele era Santo porque sua natureza era separada da corrupção da Queda. Davi disse: "Em pecado me concebeu minha mãe" (Salmo 51). Jesus não foi concebido em pecado. O Espírito Santo interrompeu a transmissão da culpa e da corrupção adâmica.

    B. Impecabilidade, Não Apenas Inocência (Hebreus 7:26)
    A Bíblia descreve Jesus como "santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores".
    A teologia adventista diz que Ele foi "unido aos pecadores" em sua natureza. A Bíblia diz que Ele foi "separado dos pecadores". Ele se uniu a nós na humanidade (carne e sangue), mas não na qualidade caída dessa humanidade.
    Se Jesus tivesse "natureza pecaminosa" (mesmo que só "fisicamente", como Domini alega), Ele seria um sacrifício defeituoso. No Antigo Testamento, o cordeiro pascal não podia ter nenhuma mancha. Uma "natureza caída" é uma mancha. Um Jesus com "natureza caída" precisaria de um Salvador para si mesmo.

    C. A "Semelhança" de Romanos 8:3
    Domini se agarra à palavra "semelhança" (homoioma) de carne pecaminosa. Mas Paulo usa "semelhança" precisamente para evitar dizer que Ele tinha carne pecaminosa. Se eu digo "aquela nuvem tem a semelhança de um leão", ela não é um leão.
    Jesus entrou na zona de guerra da carne humana, assumiu a realidade física (cansaço, dor, mortalidade), mas sem o vírus do pecado original que define a "carne pecaminosa" em Paulo (a hostilidade contra Deus).

    4. A Mentira Histórica: O Que os Pioneiros Realmente Criam

    Domini acusa Nicodemus de não ler os contextos. Mas quem ignora o contexto histórico é Domini. A visão que ele prega (Jesus tinha natureza física caída, mas espiritual pura) é a visão pós-1950 (pós-livro Questions on Doctrine), criada para fazer o Adventismo parecer evangélico.
    Os "pais" da teologia adventista, que Ellen White endossou como "mensageiros de Deus", criam explicitamente que Jesus tinha tendências ao pecado.

    Eles ensinavam a Pan-Teologia da Carne Pecaminosa:

    1. Cristo tomou a carne pecaminosa.

    2. A carne pecaminosa tem desejos pecaminosos.

    3. Cristo teve que "matar" esses desejos a cada segundo pelo poder do Espírito.

    4. Logo, nós podemos fazer o mesmo e atingir a impecabilidade.

    Negar isso hoje é desonestidade intelectual.


    APÊNDICE: O Martelo da Verdade — 10 Textos que Eleazar Domini Gostaria que Desaparecessem

    Aqui estão 10 citações diretas de Ellen G. White e dos gigantes da teologia adventista pioneira (Jones e Waggoner), que provam que Augustus Nicodemus foi até suave em sua crítica. Eles criam, sim, em um Jesus com corrupção interior herdada, lutando contra sua própria natureza.

    1. O Texto que Define a "Degeneração"

    "Seria uma humilhação quase infinita para o Filho de Deus revestir-Se da natureza humana, mesmo quando Adão permanecia em sua inocência no Éden. Mas Jesus aceitou a humanidade quando a raça havia sido enfraquecida por quatro mil anos de pecado. Como qualquer filho de Adão, aceitou os resultados da operação da grande lei da hereditariedade. O que estes resultados foram, manifesta-se na história de Seus ascendentes terrestres. Ele veio com essa hereditariedade para partilhar de nossas dores e tentações, e dar-nos o exemplo de uma vida impecável."
    — Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 49 (Edição original: p. 48).
    (Nota: Ela diz que Ele aceitou a hereditariedade "como qualquer filho de Adão". Qualquer filho de Adão herda apenas fraqueza física ou herda propensão ao mal?)

    2. A Natureza "Vil" e "Poluída"

    "Pense na humilhação de Cristo. Ele tomou sobre Si a natureza humana caída, sofredora, degradada e contaminada [defiled] pelo pecado."
    — Ellen G. White, The Youth's Instructor, 20 de dezembro de 1900.
    (Defiled significa suja, poluída. Como algo pode ser "contaminado pelo pecado" e ser moralmente neutro?)

    3. A Identificação Total com o Pecador

    "Ele tomou sobre Sua natureza sem pecado a nossa natureza pecaminosa."
    — Ellen G. White, Medical Ministry, p. 181.

    4. Waggoner e as "Tendências Pecaminosas" (O Texto Devastador)

    "Além disso, o fato de que Cristo tomou sobre Si a carne, não de um ser sem pecado, mas de homem pecaminoso, isto é, que a carne que Ele assumiu tinha todas as fraquezas e tendências pecaminosas [sinful tendencies] às quais a natureza humana caída está sujeita, é demonstrado pelas próprias palavras sobre as quais este artigo se baseia."
    — E. J. Waggoner, Christ and His Righteousness (Cristo e Sua Justiça), p. 28 (Edição de 1890).
    (Domini disse no vídeo: "Cristo não tinha propensões". Waggoner, o herói da justificação pela fé adventista, diz: "tinha tendências pecaminosas".)

    5. A Carne que é "Inimizade contra Deus"

    "Cristo tomou a mesma carne que nós temos agora; Ele tomou a carne do pecado, e a carne do pecado é inimizade contra Deus."
    — A. T. Jones, General Conference Bulletin, 1895, p. 327.

    6. A.T. Jones e os "Desejos" de Cristo

    "Em Jesus Cristo, a carne humana, com todos os seus desejos e inclinações, foi mantida em sujeição à vontade de Deus."
    — A. T. Jones, The General Conference Bulletin, 1893, p. 207.
    (Jones afirma que Jesus tinha os desejos e inclinações da carne, mas os manteve sujeitos. Isso contradiz a ideia de Domini de que Ele não tinha inclinações.)

    7. Não a Carne de Adão Inocente

    "Cristo veio na semelhança da carne pecaminosa, não na carne em que Adão caiu, mas na carne em que Adão viveu depois de cair."
    — W. W. Prescott, The Bible Echo, 6 de janeiro de 1896.

    8. O Grande Conflito Interior

    "Ele [Cristo] sabe como simpatizar com cada tendão e fibra de nosso ser, porque em Sua própria natureza Ele combateu as mesmas batalhas que nós combatemos."
    — Ellen G. White, Manuscript 14, 1896.
    (Se a natureza dEle era pura e sem propensões, que "batalha" interna Ele combateu que é "a mesma" que a nossa? Nossa batalha é contra nossa concupiscência (Tiago 1:14). Se Ele combateu a mesma, Ele tinha concupiscência para combater.)

    9. Vestido com as "Vestes da Penalidade"

    "Cristo não apenas Se tornou carne, mas carne pecaminosa. Ele não cometeu pecado, mas tomou sobre Si a natureza do pecado."
    — W. W. Prescott, The Signs of the Times, 20 de fevereiro de 1899.

    10. A Confissão Final de Ellen White

    "Cristo assumiu as responsabilidades [liabilities] da natureza humana caída. Ele não tinha a natureza de anjos, mas a natureza da semente de Abraão."
    — Ellen G. White, Review and Herald, 9 de março de 1905.

    Conclusão Final: Quem Está Mentindo?

    Eleazar Domini chama Augustus Nicodemus de mentiroso por dizer que o Adventismo ensina que Jesus tinha natureza pecaminosa.
    No entanto, E.J. Waggoner diz que Jesus tinha "tendências pecaminosas". A.T. Jones diz que Ele tinha "desejos e inclinações". Ellen White diz que Ele tomou a natureza "degradada e contaminada".

    Quem está mentindo? O teólogo reformado que lê os textos como eles são, ou o apologista moderno que tenta esconder a história de sua própria igreja para parecer socialmente aceitável no meio evangélico?

    A teologia adventista sobre a natureza de Cristo não é apenas um erro técnico; é um ataque à suficiência de Cristo. Eles rebaixam Cristo ao nosso nível de corrupção (potencial) para que possam elevar o ser humano ao nível de perfeição de Cristo. É o velho erro de Satanás no Éden: "Sereis como Deus". O Evangelho não é sobre nos tornarmos impecáveis como um "Jesus caído" que venceu; é sobre um Jesus Santo que nos cobre com Sua perfeição imaculada.

    O Pastor Nicodemus não precisa se retratar. A Igreja Adventista é que precisa se arrepender de pregar um Cristo que é, nas palavras de seus próprios pioneiros, "carne pecaminosa" e "inimizade contra Deus".

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    Referências Bibliográficas

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