
O Plano da Redenção em Confusão: As Contradições de Ellen White
Exponha as contradições de Ellen White sobre o plano da redenção à luz da Bíblia. Descubra os riscos do ensino adventista e fortaleça sua fé cristã.
“Evidentemente alguns estão perturbando vocês, querendo perverter o evangelho de Cristo.” (Gl 1:7)
Nada é mais central ao evangelho do que o plano da redenção. A Escritura é cristalina: o sacrifício de Cristo não foi improviso após a queda, mas algo determinado “antes da fundação do mundo”. Quando se coloca ao lado disso a narrativa de Ellen White (visão de 1854 e declarações posteriores), surge um quadro de confusão doutrinária, que contradiz diretamente o testemunho bíblico e até a própria alegada inspiração da autora.
Este estudo mostra:
O que Ellen White viu e pregou sobre a formulação do plano da redenção
Como isso contradiz frontalmente o ensino bíblico
Como, ao tentar “consertar” o problema, ela criou versões incompatíveis entre si
Por que isso é incompatível com um verdadeiro dom profético
1. A visão de 1854: um Deus pego de surpresa
Na visão publicada em 1854 (e depois em Early Writings), Ellen White descreve o que teria acontecido no céu após o pecado de Adão:
“Foi percebido que não havia escape para o ofensor”
“A família toda de Adão tinha de morrer”
Jesus então se aproxima do Pai, entra na luz que O circunda, e:
Três vezes fica “encerrado” na glória do Pai
As hostes angélicas ficam em “intensa ansiedade”
Na terceira vez, Jesus sai com o rosto calmo e alegre e anuncia que “obteve o consentimento do Pai” para dar a sua vida em resgate.
Em resumo, segundo a visão:
Não havia plano algum “disponível” no momento da queda
Jesus “apresenta” um plano ao Pai
Ele precisa pleitear e persuadir o Pai
O Pai finalmente cede e consente
Teologicamente, isso implica:
Um Deus que não havia planejado a queda
Uma corte celeste tomada de pânico e incerteza
Um Filho que precisa convencer o Pai a salvar o homem
Isso é exatamente o oposto da revelação bíblica.
2. O ensino bíblico: plano determinado antes da fundação do mundo
A Bíblia ensina que o sacrifício de Cristo não foi um remendo emergencial, mas parte do decreto eterno de Deus.
“Ele [Cristo] foi conhecido, na verdade, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós.” (1Pe 1:20)
“O Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” (Ap 13:8)
“Jesus, varão aprovado por Deus… este, entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus.” (At 2:22–23)
“Senhor… tens feito maravilhas, e os teus designios, formados de antemão, são fiéis e verdadeiros.” (Is 25:1, em sentido)
Isso significa:
Deus não foi surpreendido pela queda
O sacrifício de Cristo estava determinando no conselho eterno
Não houve “reunião de emergência” no céu para cobrir um buraco no plano de Deus
Quando se coloca lado a lado a visão de Ellen White (Jesus implorando três vezes para o Pai permitir a redenção) e esses textos, vê-se que ambos não podem ser verdade ao mesmo tempo. Um dos dois lados está errado. E a Escritura é o padrão.
3. 1886: “O plano foi avançado depois da queda”
Em 1886, num sermão em Grimsby, Inglaterra, Ellen White reforça a mesma ideia, em linguagem ainda mais clara:
“Depois da queda de Adão e Eva… foi então que esse grande plano da redenção foi avançado. Foi então que o Filho de Deus consentiu em deixar o trono do Pai…”
O verbo “consentir” implica:
O plano não tinha ainda o consentimento dEle
O “sim” de Cristo à encarnação só é dado depois da queda
Isso entra em choque direto com 1 Pedro 1:20 e Apocalipse 13:8, que situam o “Cordeiro” e a sua obra antes da fundação do mundo.
4. 1890: Patriarcas e Profetas tenta “consertar” – e cria outro problema
Em 1890, na publicação de Patriarcas e Profetas, Ellen White altera drasticamente o quadro:
Diz que o plano já havia sido concebido
Cita Ap 13:8: “O Cordeiro morto desde a fundação do mundo”
Reconhece que “o plano de salvação fora estabelecido antes da criação da Terra”
Contudo, para não abandonar o cenário da “reunião no céu” com Jesus pleiteando diante do Pai (já publicado), ela reconfigura a cena:
O Pai e o Filho não estariam decidindo se salvar, mas se vão, de fato, executar o plano já concebido
Fala de uma “luta” com o Rei do universo para “aceitar” a entrega do Filho
Teologicamente, isso gera outro absurdo:
Se, como ela afirma em outro lugar, os termos da redenção estavam ajustados desde a eternidade, por que haveria “luta” entre o Pai e o Filho?
Por que um Deus onisciente e imutável, que decretou tudo “desde a eternidade”, teria de “lutar” com a própria decisão eterna?
Ou havia plano previamente estabelecido e plenamente aceito em perfeita unidade intratrinitária, ou havia drama e negociação pós-queda. As duas coisas juntas não se sustentam.
5. 1891–1892: Outra versão – agora alinhada com a Bíblia
Em 1891–1892, Ellen White passa a escrever algo que, em si, está correto biblicamente:
“Os termos dessa unidade… foram ajustados com Cristo desde toda a eternidade… O plano da redenção não foi concebido após a queda… mas um propósito eterno…”
Isso está em harmonia com 1Pe 1:20, At 2:23, Ap 13:8. O problema não é o conteúdo em si, mas o fato de que:
Agora ela contradiz seu próprio relato anterior de 1854
Contradiz explicitamente seu sermão de 1886 (“foi então que o plano foi avançado”)
Obriga o leitor a escolher qual “Ellen White inspirada” crer
Se todas as versões são “inspiradas”, por que se contradizem?
6. 1898: Desejado de Todas as Nações – versão “reformulada”
Em 1898, com forte trabalho editorial de Marian Davis, O Desejado de Todas as Nações apresenta a formulação mais bíblica do tema:
“O plano de nossa redenção não foi um pensamento posterior, um plano formulado após a queda de Adão… Desde o princípio, Deus e Cristo sabiam da apostasia…”
Aqui, a redação abandona explicitamente a ideia de plano surgindo “depois da queda”. Mais uma vez, o texto se aproxima da doutrina bíblica. Mas, inevitavelmente, a pergunta permanece:
E a visão de 1854?
E o sermão de 1886?
E a formulação de 1911?
Não se trata de um pequeno ajuste de ênfase, mas de afirmações contraditórias sobre o próprio momento em que o plano foi concebido.
7. 1911: Grande Conflito volta à linguagem “depois da queda”
Em 1911, na edição final de O Grande Conflito, Ellen White volta a afirmar:
“O reino da graça foi instituído imediatamente após a queda do homem, quando um plano foi elaborado para a redenção da raça culpada.” (GC 347)
Aqui, a formulação volta à lógica original:
“Foi elaborado um plano” depois da queda
O que entra de novo em rota de colisão com 1Pe 1:20; Ap 13:8; At 2:23
E com suas próprias declarações posteriores de que o plano não foi algo “concebido após a queda”
Temos, portanto, dentro do mesmo corpus “inspirado”:
Textos dizendo que o plano foi concebido depois da queda
Textos dizendo que o plano não foi concebido depois da queda, mas era propósito eterno
Textos com narrativa de “negociação” e “luta” entre Pai e Filho
Textos afirmando unidade perfeita e termos ajustados “desde toda a eternidade”
Essa mistura é exatamente o que Paulo chama de confusão. E “Deus não é Deus de confusão, mas de paz” (1Co 14:33).
8. O problema teológico de fundo
Além da contradição histórica e literária, há um problema doutrinário grave:
A visão de 1854 apresenta um Pai relutante e um Filho mais compassivo, como se Jesus tivesse que “dobrar” a vontade do Pai.
Isso distorce a unidade da Trindade.
Cristo e o Pai não têm vontades concorrentes sobre salvação (Jo 10:30; Jo 5:19-23).
Coloca o plano da redenção como algo reativo, não decretivo:
A Bíblia fala de um Deus que “opera todas as coisas segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1:11).
Em Ellen White, o quadro original é de improviso, “descoberta de solução”, “pleito” e “consentimento”.
Gera um Deus que “pensa depois”, não o Deus que “de antemão determinou” (At 4:27-28).
Isso não é apenas um problema de detalhes narrativos. Toca no coração da soberania, presciência e imutabilidade de Deus.
9. “Barricado por um Assim Diz o Senhor”?
Ellen White escreveu:
“Quero que todos entendam que minha confiança na luz que Deus tem dado permanece firme, porque sei que o poder do Espírito Santo magnificou a verdade… Em meus livros, a verdade é apresentada, barricada por um ‘Assim diz o Senhor’.” (Selected Messages, vol. 3, p. 122)
Aplicando o próprio critério, impõe-se a pergunta:
O Espírito Santo barricaria a verdade com versões mutuamente exclusivas sobre o momento e a natureza do plano da redenção?
O Espírito inspiraria, ao mesmo tempo:
Um relato em que o plano surge após a queda e Jesus “implora” ao Pai
E outro em que o plano é eterno, perfeitamente aceito e não é “pensamento posterior”?
Se a resposta é “não”, resta apenas admitir:
Esses textos não são todos inspirados pelo Espírito Santo
Logo, o dom profético reivindicado por Ellen White não passa no teste bíblico
10. Conclusão: quem é o autor da confusão?
O Novo Testamento é claro:
Deus decretou o plano de redenção antes de criar o mundo
Cristo é o “Cordeiro morto desde a fundação do mundo”
O Pai e o Filho estão em plena unidade quanto à salvação
O sacrifício de Cristo não foi uma reação, mas expressão eterna dos “planos determinados há muito tempo” de Deus
Já o quadro que emerge dos escritos de Ellen White é outro:
Um relato inicial de pânico no céu, ausência de plano, e um Cristo que precisa “pleitear” três vezes
Depois, ajustes, recuos, frases que se contradizem, idas e vindas entre “foi depois da queda” e “não foi depois da queda”
Quando se compara:
“Porque Deus não é Deus de confusão...” (1Co 14:33)
com o emaranhado de versões em Ellen White, a conclusão é inevitável: essa confusão não vem de Deus.
E se não vem de Deus, então:
Não é “luz menor”
Não é “testemunho de Jesus”
Não é fundamento seguro para fé nem doutrina
O verdadeiro evangelho não precisa de remendos. O plano da redenção é simples, coerente e eterno:
“Conforme o propósito eterno que fez em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Ef 3:11)
Qualquer “profetisa” cuja narrativa contradiga esse propósito, ou o apresente como improviso pós-queda, está, nas palavras de Paulo, “pervertendo o evangelho de Cristo” (Gl 1:7–8).
Referências Bibliográficas
WHITE, Ellen (1890). Patriarcas e Profetas. .
(). Gl 1:7. Bíblia.
WHITE, Ellen (). Early Writings. .
(). 1Pe 1:20. Bíblia.
(). Ap 13:8. Bíblia.
(). At 2:22–23. Bíblia.
(). Is 25:1. Bíblia.
(). At 2:23. Bíblia.
WHITE, Ellen (1911). O Grande Conflito. .
(). 1Co 14:33. Bíblia.
(). Jo 10:30. Bíblia.
(). Jo 5:19-23. Bíblia.
(). Ef 1:11. Bíblia.
(). At 4:27-28. Bíblia.
WHITE, Ellen (). Selected Messages, vol. 3. .
(). Ef 3:11. Bíblia.
(). Gl 1:7–8. Bíblia.