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    Adventismo

    Aceitar Ellen White Como Profissão de Fé na Igreja Adventista do Sétimo Dia

    Descubra a análise bíblica sobre exigir aceitar Ellen White como profissão de fé na Igreja Adventista e veja seus impactos doutrinários. Entenda mais aqui

    23 de dezembro de 202530 minPor Rodrigo Custodio

    Introdução

    Aceitar Ellen White como profissão de fé na Igreja Adventista do Sétimo Dia é uma exigência que suscita sérios questionamentos teológicos do ponto de vista evangélico reformado. A inclusão da aceitação dos escritos de Ellen G. White — considerada profetisa e cofundadora do adventismo — como requisito para o batismo e membresia tem implicações fundamentais para a doutrina, a autoridade bíblica e a centralidade de Cristo. Este artigo analisará criticamente essa prática adventista, destacando: 1) a doutrina adventista sobre o dom profético e a autoridade dos escritos de Ellen White; 2) as consequências para a suficiência das Escrituras; 3) o impacto dessa exigência sobre a profissão de fé cristã bíblica; e 4) contrastará esse ensino com a tradição reformada. Convidamos você a examinar conosco, de forma profunda e bíblica, se é legítimo exigir a aceitação de um profeta moderno como condição de fé.

    1. A Doutrina Adventista: Ellen White como Profetisa e Fundamento de Fé

    A primeira questão central nesta análise é compreender como a Igreja Adventista do Sétimo Dia define e posiciona Ellen White no escopo de sua doutrina e profissão de fé.

    1.1 O dom profético na cosmovisão adventista

    A Igreja Adventista do Sétimo Dia sustenta formalmente que *o dom de profecia* é uma das marcas do *remanescente* (Ap 12:17; 19:10) e, dessa forma, reconhece Ellen G. White como manifestação desse dom. Em seus documentos oficiais e no batismo, exige-se que o candidato aceite que "O dom profético se manifesta no ministério da irmã Ellen G. White". Tal exigência é, portanto, assumida como doutrina e prática institucional.

    1.2 Profissão de fé e aceitação de Ellen White

    Os principais formulários de profissão de fé adventistas trazem, entre suas 13 a 28 crenças fundamentais, uma declaração explícita sobre a aceitação dos escritos de Ellen White como inspiração profética. Na prática, isso significa:

    • Os candidatos ao batismo/admissão devem declarar concordância com os escritos de Ellen White como "espírito de profecia".

    • Membros discordantes podem sofrer disciplina, inclusive exclusão, se rejeitarem a autoridade de seus escritos.

    A natureza oficial dessa exigência dá a Ellen White um status normativo que vai além do que a tradição protestante reconhece como ministério profético no contexto pós-apostólico.

    2. Autoridade Profética Versus Suficiência das Escrituras

    O ponto mais sensível para uma análise bíblica reformada é o impacto da aceitação obrigatória de Ellen White sobre o princípio da *sola Scriptura*, a suficiência absoluta das Escrituras.

    2.1 A suficiência das Escrituras em contraste com a autoridade de Ellen White

    A tradição evangélica/reformada sustenta que "toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para o ensino..." (2 Timóteo 3:16), não havendo espaço para autoridade profética normativa além do cânon bíblico.

    "Nada lhes acrescenteis, nem diminuais, para que guardeis os mandamentos do Senhor vosso Deus..." (Deuteronômio 4:2)

    Ao requerer a aceitação de Ellen White para a profissão de fé, a Igreja Adventista cria na prática duas instâncias de autoridade:

    1. A Bíblia Sagrada como autoridade suprema (afirmado doutrinariamente, mas frequentemente mitigado na prática)

    2. Os escritos de Ellen White como interpretação autorizada e vinculante das Escrituras

    2.2 Implicações práticas para a membresia e ensino

    Na realidade adventista, recusar os escritos de Ellen White resulta em:

    • Impedimento ao batismo e acesso à comunhão

    • Vistas de heresia ou desvio doutrinário sobre questões centrais (por exemplo, sábado, reforma da saúde, juízo investigativo)

    Isso cria, de fato, um "magistério adventista", semelhante ao papel da tradição na Igreja Católica Romana, contrariando frontalmente a primazia e suficiência das Escrituras.

    3. Impactos Cristológicos e Soteriológicos da Profissão de Fé em Ellen White

    A exigência de aceitar Ellen White como condição para a profissão de fé adventista levanta sérias preocupações quanto à centralidade de Cristo e ao fundamento do Evangelho bíblico.

    3.1 Profissão de fé bíblica e o único fundamento

    O Novo Testamento estabelece claramente o conteúdo da profissão de fé cristã:

    "Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo." (Romanos 10:9)

    Não há nenhuma exigência adicional nos Evangelhos, Atos ou Epístolas — seja apóstolo, profeta, tradição ou escritos extra-bíblicos — como condição para reconhecimento público de fé ou acesso à comunidade cristã.

    3.2 Acrescentando pré-requisitos à salvação e à comunhão

    Exigir que um cristão professe fé em escritos de um profeta moderno implica:

    • Acrescentar outro fundamento à fé salvífica, ato reprovado por Paulo (cf. Gálatas 1:8).

    • Privilegiar uma experiência ou tradição específica sobre o Evangelho universal.

    • Estabelecer uma divisão interna na própria igreja entre "os espirituais" (que aceitam o dom de Ellen White) e "os menos comprometidos".

    Tal postura fere o ensino paulino de que a unidade da fé está em Cristo e nas Escrituras, não em revelações suplementares.

    4. Ellen White, Autoridade Doutrinária e o Princípio da Reforma

    A aceitação obrigatória dos escritos de Ellen White como profissão de fé é diametralmente oposta ao coração da Reforma Protestante.

    4.1 Sola Scriptura como baliza reformada

    O princípio da sola Scriptura afirma que apenas a Palavra de Deus, revelada e registrada no cânon bíblico, tem autoridade final para a fé e vida da Igreja:

    "A Escritura, a qual é a única regra infalível de fé e de prática." (Confissão de Fé de Westminster, I.2)

    A Reforma rejeitou o magistério infalível dos papas, concílios e “novas revelações” como necessários à fé; qualquer acréscimo foi denunciado como corrupção do Evangelho.

    4.2 Comparação entre adventismo e outras comunidades restauracionistas

    O adventismo, ao institucionalizar a aceitação de um profeta moderno como fundamento doutrinário, aproxima-se de movimentos sectários como Mórmons e Testemunhas de Jeová, que elevam profetas ou escritos pós-bíblicos ao mesmo patamar da Escritura. Suas práticas são:

    • Magistério autoritativo que interpreta definitivamente a Bíblia

    • Textos pós-bíblicos usados como teste de verdadeira fé

    • Disciplina e exclusão de discordantes e críticos

    Esse padrão é estranho à tradição reformada e historicidade da igreja cristã.

    4.3 Erros históricos e efeitos na congregação

    Historicamente, muitos adventistas sinceros foram excluídos ou marginalizados por questionarem aspectos específicos dos escritos de Ellen White, mesmo mantendo fé genuína no evangelho bíblico. Isso resultou em:

    • Intolerância doutrinária por parte da liderança

    • Fragmentação do corpo e legalismo inconsciente nas esferas locais

    • Desvio gradual do padrão da Reforma e do testemunho apostólico

    A perda da centralidade de Cristo e da graça, substituída por exigências institucionais, é um dos resultados concretos dessa postura.

    Conclusão

    Ao analisarmos criticamente a exigência de aceitar Ellen White como profissão de fé na Igreja Adventista do Sétimo Dia, identificamos graves implicações doutrinárias e teológicas. Esta prática:

    • Contradiz a suficiência das Escrituras e o princípio sola Scriptura

    • Acrescenta à profissão de fé cristã um pré-requisito não fundamentado no Novo Testamento

    • Favorece divisão, legalismo e autoritarismo eclesiástico

    • Desvia o foco da obra consumada de Cristo em direção às palavras e experiências de um profeta moderno

    O correto, à luz da Palavra de Deus e da tradição reformada, é reconhecer que nada pode ser exigido além do arrependimento, fé em Cristo e aceitação do evangelho bíblico (Ef 2:8-9; At 2:38-41) para o ingresso na comunhão cristã. Todo acréscimo a esse fundamento ameaça a simplicidade, suficiência e universalidade da salvação em Jesus. Que a reflexão proposta conduza os que buscam respostas firmes e seguras a fundamentar sua fé unicamente nas Escrituras, rejeitando quaisquer exigências além do evangelho de Cristo. Essa postura honra a Palavra de Deus, a obra redentora de Jesus e protege a liberdade e pureza do corpo de Cristo.

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