Jesus Tinha uma NATUREZA de Anjo
Descubra uma análise bíblica sobre a doutrina adventista da natureza angélica de Jesus. Veja os conflitos com as Escrituras. Informe-se e reflita!
Introdução
A questão da natureza de Jesus é central para a fé cristã e um ponto de profundo debate entre o adventismo e as tradições evangélicas históricas. Neste artigo, analisaremos criticamente a doutrina adventista que identifica Jesus como o arcanjo Miguel, examinando se essa visão implica ou não que Jesus teria uma natureza angelical, em contraste com a clara afirmação bíblica da divindade de Cristo. Analisaremos as fontes oficiais adventistas, a teologia histórica da igreja e o tratamento exegético de textos bíblicos relevantes. Por fim, discutiremos as graves implicações cristológicas dessa doutrina, à luz da ortodoxia cristã e da distinção fundamental entre Criador e criatura revelada nas Escrituras. Ao longo deste artigo, encorajamos o leitor a ponderar profundamente sobre o evangelho verdadeiro e sobre o Jesus das Escrituras, buscando discernimento para evitar distorções doutrinárias que comprometem a própria base da fé cristã.
1. A Doutrina Adventista: Jesus é Miguel, o Arcanjo?
A identificação de Jesus como Miguel, o Arcanjo, constitui uma das distintivas doutrinas da Igreja Adventista do Sétimo Dia. A liderança e literatura adventista afirmam consistentemente que Miguel é, na realidade, uma manifestação do Verbo eterno, Jesus Cristo, atuando como comandante dos exércitos celestiais.
1.1 Fontes primárias e secundárias no adventismo
Textos de Ellen G. White, como em Signs of the Times (6 de junho de 1911), explicitam Jesus como “um anjo entre anjos” que teria realizado uma obra redentora pelos próprios anjos.
Livros como Questions and Answers de M. Wilcox reforçam esse conceito, sugerindo que Jesus “se tornou um anjo” antes de encarnar-se como homem.
Documentos oficiais da igreja frequentemente insistem que Miguel é apenas um “título funcional” de Jesus, sem envolver mudanças essenciais de natureza.
Contudo, várias passagens extraídas dos próprios periódicos e comentários adventistas sugerem que essa identificação vai além de um simples título. Notamos frequentemente, nos escritos de White e de outros teólogos do contexto adventista do início do século XX, a expressão de que Jesus teria “tomado a natureza dos anjos” – fórmula que dificilmente pode ser reduzida a mera analogia sem consequências teológicas profundas.
1.2 Contradições internas e linguagem ambígua
A ambiguidade é acentuada quando apologistas adventistas contemporâneos tentam atenuar o impacto da doutrina diante de interlocutores evangélicos, alegando tratar-se de “mero título” ou “manifestação teofânica”. Porém, o registro da literatura originária da denominação cita explicitamente:
“Ele, Jesus, tomou a natureza dos anjos para repetir o primeiro passo. Então, em sua humilhação, ao abandonar a sua natureza divina, Jesus Cristo [...] abandona a sua natureza divina, e ele repassa e fala assim, não, agora eu quero ser anjo, eu vou pegar a natureza do anjo.” (Signs of the Times, 6 de junho de 1911)
Tais afirmações demonstram que, para além de uma questão terminológica, há um compromisso ontológico defendido historicamente, segundo o qual Jesus teria assumido uma natureza angelical.
2. Natureza de Cristo: O Que Ensina a Ortodoxia Bíblica?
O núcleo do cristianismo histórico reside na convicção de que Jesus é plenamente Deus e plenamente homem, mas jamais algum tipo de criatura intermediária. A doutrina da unicidade e eternidade do Filho é sustentada desde os primeiros credos.
2.1 Testemunho das Escrituras sobre a divindade de Jesus
O evangelho de João identifica Jesus como o Logos eterno (João 1:1-3), que “no princípio estava com Deus” e “era Deus”. Não há possibilidade, neste contexto, de interpretar o Logos como um ser angelical, pois todos os anjos são criados por meio Dele (Colossenses 1:16).
Em Hebreus 1:5-6, a epístola pergunta:
A qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei?... E outra vez, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.
O texto sublinha a diferença ontológica: Jesus é objeto de adoração dos anjos, algo impossível para qualquer criatura, pois somente Deus pode ser adorado (Êxodo 20:1-5; Mateus 4:10).
2.2 A Cristologia dos Concílios Ecumênicos
Os primeiros concílios da igreja, notadamente o de Niceia (325 d.C.) e Calcedônia (451 d.C.), estabeleceram definitivamente os limites da ortodoxia cristã quanto à pessoa de Cristo:
Ele é “gerado, não criado, consubstancial ao Pai” (Credo Niceno).
“Verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, consubstancial ao Pai quanto à divindade, consubstancial a nós quanto à humanidade” (Definição de Calcedônia).
Afirmar que Jesus possui uma natureza de anjo viola essas definições e implica que o Filho é parte da ordem criada, o que é condenado como heresia nas tradições históricas.
2.3 Teofanias e manifestações divinas: distinções fundamentais
Na conversa apologética, costuma-se mencionar fenômenos do Antigo Testamento, como o Anjo do Senhor, para justificar aparições de Cristo em forma angelical. Entretanto:
O Anjo do Senhor frequentemente fala como Deus e recebe adoração (Êxodo 3:2-6; Juízes 13:18-22).
Tais manifestações (chamadas teofanias ou cristofanias) não implicam mudança real de natureza, mas apenas uma aparição adaptada ao contexto da revelação progressiva.
A doutrina ortodoxa ensina que Deus pode manifestar-se de múltiplas formas sem que sua natureza eterna e incriada seja alterada.
Portanto, confundir manifestações com mudanças essenciais de natureza leva a equívocos graves e à diluição da diferença absoluta entre Criador e criatura.
3. Problemas Teológicos da Cristologia Adventista sobre Miguel e a Natureza Angelical
A doutrina adventista sobre Jesus e Miguel traz sérios problemas teológicos, especialmente quando confrontada com o ensino evangélico clássico.
3.1 Ruptura entre Criador e Criatura
Ao afirmar que Jesus “tomou a natureza dos anjos”, estabelece-se um processo de deificação de criatura ou de degradação do Criador, abolindo a fronteira intrínseca que o monoteísmo bíblico mantém entre Deus e tudo o que Ele fez.
Essa concepção aproxima-se do arianismo, antiga heresia que subjugava o Filho à condição de ser criado superior, mas não plenamente Deus (ver Atanásio, Contra os arianos).
Consequência óbvia: compromete-se o valor expiatório da morte de Cristo, pois, se Ele fosse somente anjo (ou tivesse Se tornado como “anjo”), jamais poderia ser Salvador suficiente dos pecados da humanidade.
3.2 Uso distorcido de textos bíblicos
O uso que a literatura adventista faz de Filipenses 2:5-7, alegando que o esvaziamento (kenosis) de Cristo implicaria adoção de “forma de anjo antes de se tornar homem”, não encontra suporte exegético. O texto afirma explicitamente:
“Esvaziou-se a si mesmo, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens.” (Filipenses 2:7)
Nunca há menção de mudança para natureza angelical.
A tentativa de conciliar o culto angelológico do Antigo Testamento (Miguel como comandante dos exércitos celestiais) com a singularidade de Cristo fracassa ao não reconhecer o ensino claro das epístolas paulinas e joaninas acerca da eternidade e singularidade do Filho de Deus.
3.3 Adoração, Redenção e Unicidade do Cristo Bíblico
Hebreus 1:6 declara que todos os anjos devem adorar o Filho. Confirmar que Jesus é adorado pelos próprios anjos elimina, de antemão, sua classificação como parte do mundo angelical.
Apocalipse 22:8-9 deixa claro que anjos não podem ser adorados, pois são servos ao lado dos homens (veja também Mateus 4:10; Apocalipse 19:10).
Somente o Deus encarnado pode servir como Sumo Sacerdote e Redentor universal. Qualquer doutrina que coloque Jesus numa posição ontológica inferior (mesmo sob o argumento de “manifestação” temporária) distorce a soteriologia bíblica e fere a confissão apostólica: “Meu Senhor e meu Deus!” (João 20:28).
4. Implicações Práticas e Eclesiásticas: O Evangelho Alternativo e a Centralidade de Cristo
A teologia adventista sobre Jesus como Miguel conduz, inevitavelmente, à construção de um “outro evangelho”, perigosamente distinto daquele pregado pelos apóstolos.
Redefinição da Trindade: Se Miguel é apenas um título, por que a ênfase sistemática em jornais e livros não é apenas interpretativa, mas refere-se a mudanças de natureza?
Soteriologia diluída: Um Cristo que oscila entre natureza angelical, humana e divina assume contornos quase gnósticos, alienando-se da fé cristã definida na Reforma, que prega a suficiência do Deus encarnado para expiar os pecados do mundo inteiro (1 João 2:2).
Confusão hermenêutica: A abordagem seletiva de textos bíblicos, desconectados do ensino total das Escrituras e do consenso histórico da igreja, produz confusão entre fiéis e acaba minando a autoridade das próprias Escrituras.
Assim, aquela velha máxima permanece válida: “Qualquer igreja que coloca Jesus num nível de anjo não pode ser chamada de cristã”. Não por capricho denominacional, mas porque coloca em xeque a essência do evangelho bíblico, o único que salva.
Conclusão
A análise crítica da doutrina adventista sobre Miguel e a natureza de Jesus revela profundas inconsistências teológicas, exegéticas e históricas quando comparadas com a ortodoxia cristã definida pelas Escrituras e pelos Concílios Ecumênicos. Ao avançar na identificação de Cristo como um ser que teria assumido natureza angelical, ainda que por um “momento funcional”, o adventismo compromete a unicidade do Redentor e dilui a distinção eterna entre Criador e criatura.
À luz da autoridade bíblica, como demonstrado em João 1, Colossenses 1, Filipenses 2 e especialmente em Hebreus 1, Jesus Cristo não é um anjo, nem jamais teve natureza angelical, mas é o eterno, único, incomparável Filho de Deus, digno de adoração universal.
Por isso, exortamos os cristãos sinceros, especialmente aqueles em busca de respostas diante das doutrinas adventistas, a retornarem ao fundamento apostólico-bíblico, reconhecendo somente a Cristo, eternamente Deus, como Salvador. A majestade de nosso Senhor não admite redução ou equiparação a qualquer criatura, seja arcanjo ou homem. Fujo de evangelhos alternativos e permaneça firme na fé revelada pelos apóstolos, a única que liberta, salva e glorifica o verdadeiro Jesus das Escrituras.