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    A Estatura de Adão Segundo Ellen White: Uma Análise Crítica
    Ellen White

    A Estatura de Adão Segundo Ellen White: Uma Análise Crítica

    Análise bíblica crítica sobre a doutrina adventista de que Adão era duas vezes mais alto. Descubra a verdade à luz das Escrituras e fortaleça sua fé

    27 de dezembro de 20257 min min de leituraPor Rodrigo Custódio

    Introdução

    A discussão sobre “foi Adão duas vezes mais alto do que os homens de hoje?” representa um ponto de tensão significativo entre a hermenêutica adventista e a soteriologia evangélica/reformada. Em obras como Patriarcas e Profetas, Ellen G. White reafirma categoricamente a ideia de que Adão possuía o dobro da estatura humana atual. Tal afirmação, por si só, demonstra não apenas um distanciamento substancial do texto bíblico, mas revela aspectos profundos sobre a função normativa dos escritos de Ellen White no adventismo. Este artigo examinará com rigor acadêmico: (1) a origem e o impacto dessa doutrina adventista; (2) a ausência de base bíblica para tal afirmação; (3) os riscos epistemológicos de construir doutrina a partir de “revelação adicional” advinda de fontes extrabíblicas; e (4) uma defesa apologética da suficiência das Escrituras em contraste com a tradição adventista. O objetivo é equipar o leitor, especialmente o adventista em processo de questionamento, com uma análise bíblica e histórica sólida sobre o assunto.

    1. O Dogma Adventista: A Estatura de Adão Segundo Ellen G. White

    A afirmação de que Adão era duas vezes mais alto do que os homens atuais origina-se explicitamente dos escritos de Ellen G. White, cuja influência normativa sobre a eclesiologia adventista é incontestável. No texto Patriarcas e Profetas (p. 45-46 em várias edições), White declara: “Adão era muito mais alto do que os homens atuais, com quase o dobro da altura”. Ela apresenta tal afirmação como sendo “barricada por um ‘assim diz o Senhor’”, reivindicando autoridade profética e inerrância teológica.

    1.1 O Peso Teológico dos Escritos de Ellen G. White

    No adventismo do sétimo dia, os escritos de Ellen White funcionam como um “menor luz” que supostamente aponta para a “maior luz” das Escrituras. Entretanto, sua prática revela que White opera frequentemente como lente hermenêutica normativa, reinterpretando o texto bíblico e, como neste caso, introduzindo detalhes ausentes do cânon.

    • O uso ostensivo do “assim diz o Senhor” atribui um peso canônico ao que objetivamente são conjecturas não fundamentadas nas Escrituras.

    • Ao sustentar tal ponto de vista, o adventismo revela uma dependência epistemológica em relatos extrabíblicos, violando o princípio da sola Scriptura.

    1.2 O Fenômeno do “Advent-ismo”

    A cristalização dessa doutrina ilustra o fenômeno do “Advent-ismo”: a prática sistemática de criar doutrina a partir de revelações privadas, negligenciando a ausência de respaldo bíblico.

    • O termo descreve narrativas dogmáticas e tradições apoiadas unicamente em White, não na Escritura.

    • Esse método é radicalmente distinto da ortodoxia protestante clássica, na qual apenas a Bíblia é fonte autorizada para construção doutrinária.

    Dessa forma, a doutrina da estatura de Adão não é uma curiosidade inócua, mas representa um exemplo paradigmático da função quasi-canonizante dos escritos de White no adventismo.

    2. Ausência de Base Bíblica: O Testemunho Silence das Escrituras

    É fundamental destacar que a Bíblia jamais afirma que Adão era duas vezes mais alto que os homens modernos. Os relatos da criação (Gênesis 1-3) descrevem Adão como um ser criado à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26-27), dotado de integridade física, espiritual e moral, porém nada mencionam sobre sua altura ou dimensão física.

    Gênesis 2:7: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.”

    O silêncio explícito das Escrituras sobre tal detalhe aponta para a irrelevância teológica desta questão. A preocupação da narrativa bíblica está em:

    • O caráter ontológico e moral do ser humano enquanto imago Dei.

    • A direção da história redentiva e o propósito da criação.

    2.1 Hermenêutica Bíblica: Sola Scriptura e Autoridade Exclusiva

    O princípio hermenêutico evangélico de sola Scriptura exige que toda doutrina cristã seja fundamentada exclusivamente no texto inspirado. A introdução de “detalhes adicionais” por suposta revelação posterior, sobretudo quando contradiz ou extrapola o escopo das Escrituras, viola esse princípio inegociável do protestantismo clássico.

    • O fato de a Bíblia silenciar sobre a estatura de Adão implica que tal informação não é essencial à fé e à prática cristã (Deuteronômio 29:29: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós…”).

    • Qualquer tentativa de “preencher lacunas” na revelação bíblica com tradições humanas é reiteradamente condenada na Escritura (cf. Marcos 7:7-8).

    3. O Perigo de “Revelações Adicionais”: Epistemologia Deficiente

    A dependência de suposta revelação extrabíblica para construir doutrinas, como no caso da altura de Adão, revela uma falha epistemológica central na abordagem adventista à autoridade teológica.

    3.1 Implicações Práticas e Teológicas

    Ao aceitar detalhes não atestados pela Escritura, os adventistas:

    • Comprometem a suficiência e a supremacia da Bíblia como única fonte de regra de fé (sola Scriptura).

    • Abrem espaço para o desenvolvimento de doutrinas baseadas em impressões privadas, o que historicamente conduz ao sincretismo e ao sectarismo.

    • Criam uma dissonância hermenêutica entre os textos canônicos e o corpo de escritos confessadamente “menor luz”.

    O resultado prático é a formação de um magistério duplo no qual a autoridade de Ellen White frequentemente compete — e por vezes transcendende — a da Escritura.

    3.2 Advertências Apostólicas Contra Inovações Doutrinárias

    O Novo Testamento alerta repetidas vezes contra a aceitação de fábulas, genealogias, tradições e “palavras além do que está escrito”.

    1 Coríntios 4:6b: “…para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito…”

    2 Timóteo 4:3-4: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina […] e se voltarão para as fábulas.”

    É evidente que a doutrina da “dupla altura de Adão”, ausente das páginas da Bíblia, encontra-se solidamente nesta categoria de tradições humanas sem valor para a edificação da fé cristã autêntica.

    4. Defesa Apologética Evangélica: A Suficiência das Escrituras e a Sã Doutrina

    A resposta evangélica reformada ao problema pode ser articulada em torno da suficiência e autoridade exclusiva das Escrituras. A fé cristã autêntica é fundamentada unicamente na revelação bíblica, como enfatizado por Paulo:

    2 Timóteo 3:16-17: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e plenamente preparado para toda boa obra.”

    Considerando esse princípio, qualquer “preenchimento” do texto inspirado por revelações externas ou “detalhes suplementares” resulta numa afetação direta da suficiência escriturística, bem como na elevação perigosa de profetas contemporâneos ao status de co-normativos com o cânon sagrado (cf. Apocalipse 22:18-19).

    • O ensino de Ellen White acerca da estatura de Adão carece de qualquer respaldo exegético ou histórico-bíblico.

    • A tradição protestante enfatiza que “tudo o que Deus quis revelar ao seu povo está no cânon das Escrituras”.

    4.1 O Papel das Revelações Extra-Bíblicas na História da Igreja

    A aceitação de “revelação adicional” tem sido consistentemente rejeitada pelos pais da igreja, pelos reformadores e pelos grandes teólogos sistemáticos. Tanto Agostinho quanto Lutero advertiram contra o perigo de buscar conhecimento fora do texto inspirado, o que invariavelmente conduz a erros doutrinários.

    4.2 Suficiência das Escrituras: Implicações Pastorais Para o Crente

    Para o leitor adventista inquieto, a mensagem bíblica é clara:

    • O evangelho não exige adesão a detalhes especulativos para salvação ou comunhão com Deus.

    • Fé sólida repousa inteiramente sobre a inerrância, clareza e suficiência das Escrituras.

    • “Assim diz o Senhor” deve sempre ser sinônimo exclusivo do que está escrito nas páginas inspiradas da Bíblia.

    Conclusão

    Ao considerar criticamente a questão “foi Adão duas vezes mais alto do que os homens de hoje?”, fica claro que tal doutrina não possui fundamento bíblico, sendo fruto da tradição adventista baseada nos escritos de Ellen G. White. Examinamos como tal ensino revela uma dependência problemática em revelações extrabíblicas, contradizendo frontalmente o princípio da sola Scriptura e fragilizando a suficiência do texto sagrado.

    A análise acadêmica corrobora que a autoridade da Bíblia é inconteste e exclusiva. O leitor adventista que deseja manter uma fé robustamente bíblica deve rejeitar especulações extracanônicas, reafirmando a plena suficiência das Escrituras como única regra de fé e prática cristã (Judas 1:3).

    Refletir sobre essas questões é urgente para o crente comprometido com a verdade revelada (João 17:17). A tradição adventista, ao acrescentar detalhes como a “altura dobrada de Adão”, se afasta do padrão bíblico e expõe o perigo de doutrinas fundamentadas em revelações humanas. Que a fidelidade às Escrituras seja nossa única resposta ao desafio de uma fé autêntica.

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    Referências Bibliográficas

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