
O Profeta e o Astronauta: Quando Michelson Borges Esconde a Ellen White Real
Análise crítica das doutrinas adventistas expõe omissões e distorções de Michelson Borges ao tratar Ellen White. Descubra fatos e refutações bíblicas.
Em sua série de respostas a comentários, o influenciador adventista Michelson Borges tenta normalizar doutrinas exóticas do adventismo, defendendo a existência de "extraterrestres" (mundos não caídos) e negando que Ellen White fosse uma fonte de heresias fanáticas. Borges apela para a "ciência" e o "contexto", mas omite convenientemente as declarações mais embaraçosas da profetisa que ele defende. Este artigo utiliza o próprio critério de Borges ("vá aos originais") para provar que Ellen White ensinou, sim, absurdos científicos (como a amalgamação de homens e animais), doutrinas heréticas (como a salvação condicionada à guarda do sábado) e visões astronômicas alucinadas (como Enoque vivendo em Saturno). Ao tentar limpar a imagem dela, Borges acaba expondo a fragilidade de um sistema teológico que depende de ocultar seus próprios fundamentos.
1. O Profeta e o Astronauta: A Astronomia Alucinada de Ellen White
A Defesa de Borges:
Comentando sobre o vídeo do astronauta da NASA que falou sobre alienígenas/demônios, Michelson Borges tenta normalizar a crença adventista em vida extraterrestre. Ele utiliza textos bíblicos genéricos (como "somos espetáculo ao universo" - 1 Co 4:9) para sugerir que a Bíblia apoia a ideia de "mundos não caídos" habitados por seres inteligentes que observam a Terra. Ele tenta revestir essa crença de uma aura de racionalidade e compatibilidade bíblica.
A Ellen White Real (A Fonte Primária):
O que Borges esconde é que a "doutrina dos ETs" no adventismo não nasce de uma exegese de 1 Coríntios, mas das visões astronômicas diretas de Ellen White, que são repletas de erros científicos grosseiros e fantasias teológicas.
Em sua famosa visão de 1846 (publicada em Primeiros Escritos), Ellen White não descreveu apenas "vida lá fora"; ela descreveu uma viagem turística pelo Sistema Solar que a ciência hoje prova ser falsa.
"O Senhor me proporcionou uma vista de outros mundos. Foram-me dadas asas, e um anjo me acompanhou... Fui levada a um mundo que tinha sete luas. Vi ali o bom e velho Enoque, que tinha sido trasladado."
— Primeiros Escritos, p. 40.
"O anjo disse: olhe! E eu vi um mundo que tinha quatro luas."
— (Relato da Sra. Truesdail sobre a visão, confirmando que White identificou os planetas como Júpiter e Saturno).
A Refutação Científica e Teológica:
A. O Erro das Luas: Profecia ou Astronomia de 1840?
Na época da visão (1846), os astrônomos conheciam quatro luas em Júpiter e sete luas em Saturno. Ellen White "viu" exatamente o que os livros de ciência da época diziam.
O Problema: Hoje sabemos que Júpiter tem 95 luas e Saturno tem 146 luas (confirmadas até 2023/2024).
A Conclusão: Se a visão fosse divina, Deus teria mostrado a realidade (dezenas de luas). Como ela viu apenas o número exato conhecido pelos astrônomos do século XIX, a "visão" foi, na melhor das hipóteses, uma alucinação baseada no conhecimento prévio dela ou de seu marido, Joseph Bates (que era capitão de navio e amador de astronomia). Borges tenta vender uma profetisa que viu "mundos distantes", mas ela só viu o mapa astronômico desatualizado de 1846.
B. Enoque: O Primeiro Astronauta Humano?
A afirmação mais bizarra e teologicamente perigosa de Borges/White é a presença de Enoque em Saturno (ou no mundo de sete luas).
Heresia Cristológica: A Bíblia diz que Enoque foi "trasladado para não ver a morte" (Hebreus 11:5) e que Deus o tomou para Si (Gênesis 5:24). A teologia cristã entende que os santos estão no Céu (Paraíso), na presença de Deus.
Ficção Científica: Colocar um ser humano glorificado vivendo em um planeta gasoso (Saturno) ou em qualquer planeta físico do sistema solar, convivendo com alienígenas ("seres altos e majestosos", segundo ela), transforma a esperança celestial em uma space opera.
O Motivo: Por que White colocou Enoque lá? Para validar a doutrina do Sábado. Na visão, Enoque diz a ela que naquele mundo "nós guardamos o sábado, por isso Deus nos permite viver aqui" (Primeiros Escritos, p. 40). O objetivo não era astronomia, mas propaganda sabatista: "Até os ETs guardam o sábado, só vocês terráqueos que não".
C. A Tentativa de Borges de "Salvar" a Visão
Borges evita citar esses detalhes embaraçosos ("sete luas", "Enoque"). Ele generaliza para "mundos não caídos" para que o ouvinte moderno pense em algo abstrato e teologicamente aceitável.
Mas a fundação da crença adventista em extraterrestres é essa visão específica. Sem ela, o adventismo não teria essa ênfase peculiar. Ao defender a existência de ETs usando a Bíblia, Borges está fazendo engenharia reversa: tentando encontrar na Bíblia uma justificativa para as alucinações de Ellen White, para não ter que admitir que a profetisa errou o número de luas e o endereço de Enoque.
Conclusão do Ponto 1:
A cosmologia de Ellen White não é "ciência avançada" confirmada por astronautas; é astronomia vitoriana obsoleta misturada com ficção teológica. Michelson Borges atua como um advogado de defesa que esconde as provas do crime (os textos originais sobre Saturno e Enoque) e apela para testemunhas irrelevantes (versículos fora de contexto) para livrar sua cliente da acusação de falso profetismo.
2. A Salvação pelo Sábado: O Mito da Graça Adventista
A Defesa de Borges:
Em resposta ao comentarista Alexandre Morelli, Michelson Borges afirma categoricamente: "Muita gente fala que nós adventistas cremos e pregamos a salvação pelo sábado. Nada mais falso... Nós cremos que a salvação é pela graça, a salvação é pelos méritos de Cristo."
Ele argumenta que a guarda do sábado é apenas uma consequência natural do amor a Cristo ("se me amais, guardai os meus mandamentos").
A Realidade nos Escritos de Ellen White (Fontes Primárias):
Borges está apresentando o "discurso de vitrine" do adventismo — a versão higienizada para evangélicos e o público do YouTube. No entanto, a teologia interna ("de estoque"), encontrada nos livros autoritativos de Ellen White, ensina explicitamente que a graça de Cristo não é suficiente sem a obediência perfeita à lei, especificamente ao Sábado.
Para Ellen White, o Sábado não é fruto da salvação; é a condição para ela.
A. O Sábado como Requisito para a Vida Eterna
Ellen White não deixa margem para dúvidas: sem o Sábado, não há entrada no Céu.
"A santificação do sábado ao Senhor importa em salvação eterna."
— Testemunhos Seletos, Vol. 3, p. 22.
"Vi que não podíamos deixar de notar e observar o sábado e, contudo, ter a aprovação de Deus... Vi que ninguém podia entrar pela fé na cidade se não guardasse o sábado."
— Review and Herald, 11 de setembro de 1851. (Citação de suas primeiras visões, definindo a teologia fundacional).
"O sábado é o grande teste de lealdade, pois é o ponto da verdade especialmente controvertido. Quando vier a prova final... traçar-se-á a linha divisória entre os que servem a Deus e os que não o servem."
— O Grande Conflito, p. 605.
Análise: Se "ninguém pode entrar na cidade" sem guardar o sábado, então a fé em Cristo, por si só, não abre os portões da Nova Jerusalém. O sangue de Jesus limpa o pecado, mas é o Sábado que garante a entrada. Isso é, por definição, salvação por obras (Cristo + Sábado).
B. A Perfeição de Caráter como Pré-Requisito
Borges diz que "não temos méritos nenhum". Ellen White diz que precisamos desenvolver um caráter perfeito para subsistir sem Cristo no final.
"Aqueles que estiverem vivendo sobre a terra quando a intercessão de Cristo cessar no santuário celestial, deverão estar em pé na presença de um Deus santo sem intercessor."
— O Grande Conflito, p. 425.
"Ninguém jamais poderá entrar na cidade de Deus com uma mancha ou ruga sequer... Nenhum defeito será ali admitido."
— Review and Herald, 17 de fevereiro de 1910.
"Todos os que hão de ser santos no Céu, precisam ser primeiro santos na Terra. O caráter, uma vez formado, decidirá o futuro."
— Testemunhos para a Igreja, Vol. 3, p. 115.
Análise: A doutrina do "Juízo Investigativo" ensina que Deus está agora examinando os livros do céu para ver quem é digno. Se houver um pecado não confessado ou abandonado, o nome é riscado do Livro da Vida. Isso coloca o peso da salvação final na performance do crente em atingir a perfeição ("ficar sem intercessor"), anulando a segurança da justificação pela fé.
C. A Oração que Deus Não Ouve (Se Você Violar o Sábado)
Michelson Borges diz que Deus ouve a todos e quer salvar a todos pela graça. Ellen White diz que Deus fecha os ouvidos para quem rejeita o Sábado.
"Vi que Deus não ouvirá as orações dos que violam o Seu sábado e zombam da Sua lei... Eles podem orar, mas suas orações não são ouvidas."
— Primeiros Escritos, p. 65. (Originalmente em Present Truth, Ago. 1849).
Análise: Como pode a salvação ser "só pela graça" se a própria comunicação com Deus (oração) é cortada pela desobediência a um dia da semana? Isso cria um sistema de castas espirituais onde a guarda de um dia determina o acesso ao Trono da Graça.
Conclusão do Ponto 2
A afirmação de Michelson Borges de que "a salvação não vem pelo sábado" é um jogo semântico.
Ele quer dizer: "O sábado não pagou o preço na cruz". (Nisso ele está certo, na teologia deles).
Mas ele esconde a segunda parte: "A cruz pagou o preço, mas o sábado é o boleto que você precisa apresentar para retirar a mercadoria."
Na teologia de Ellen White, a graça é a provisão, mas a obediência à lei (Sábado) é a condição de apropriação final. Um cristão batista, presbiteriano ou católico que ame a Jesus profundamente, sirva aos pobres e morra confessando Cristo, segundo Ellen White, não entrará na cidade se tiver conhecimento do sábado e o rejeitar. Ele será "pesado na balança e achado em falta" no Juízo Investigativo.
Portanto, para fins práticos e eternos, no Adventismo, o Sábado salva. Negar isso é negar os próprios Testemunhos que Borges defende.3. "O Corpo Emite Luz": Ciência ou Ocultismo?
A Defesa de Borges:
Respondendo a Adriana, Borges concorda com a afirmação de que "Ellen White tinha razão, o corpo humano emite luz", tentando validar cientificamente as visões dela sobre a aura ou a glória de Adão.
A Ellen White Real (A Fonte Primária):
A "luz" a que Ellen White se referia não era bioluminescência celular (um fenômeno biológico fraco e invisível a olho nu), mas uma "veste de luz" literal que substituía roupas.
"Esse casal [Adão e Eva] não usava vestes artificiais... estavam revestidos de uma cobertura de luz e glória, tal como a que os anjos usam."
— Patriarcas e Profetas, p. 45.
A Refutação:
Tentar conectar a bioluminescência metabólica (descoberta pela ciência moderna) com a "veste de glória" teológica de White é um anacronismo desonesto. White falava de uma luz sobrenatural que sumiu com o pecado; a ciência fala de emissão de fótons por reações químicas que todos os humanos (pecadores) têm. Borges faz um malabarismo semântico para dizer "ela tinha razão", quando a ciência está falando de algo completamente diferente do misticismo dela.
3. "O Corpo Emite Luz": A Pseudociência da Veste de Glória
A Defesa de Borges:
Respondendo a uma comentarista (Adriana), Michelson Borges concorda entusiasticamente: "Ellen White tinha razão, o corpo humano emite luz".
Ele tenta conectar essa afirmação a descobertas científicas recentes sobre bioluminescência humana (emissões ultrafracas de fótons pelas células) para validar a visão profética de White sobre Adão e Eva. A estratégia é clara: usar uma curiosidade científica moderna para "provar" que Ellen White estava à frente de seu tempo.
A Ellen White Real (A Fonte Primária):
Quando Ellen White falou sobre luz no corpo de Adão e Eva, ela não estava falando de biologia molecular ou reações metabólicas invisíveis. Ela estava descrevendo uma roupa literal de luz que substituía tecidos físicos.
"Esse casal [Adão e Eva] não usava vestes artificiais; estavam revestidos de uma cobertura de luz e glória, tal como a que os anjos usam. Enquanto viveram em obediência a Deus, essa veste de luz continuou a envolvê-los."
— Patriarcas e Profetas, p. 45.
"A imaculada paridade de Adão e Eva cobria-os com um manto de luz, de modo que não necessitavam de outras vestimentas."
— História da Redenção, p. 21.
A Refutação Científica e Teológica:
A. O Abismo entre Bioluminescência e "Veste de Glória"
A ciência descobriu que o corpo humano emite fótons (bioluminescência) como subproduto de reações metabólicas (radicais livres).
A Ciência: Essa luz é 1.000 vezes mais fraca do que o olho humano pode perceber. Todos os seres humanos vivos (pecadores) emitem essa luz hoje. Ela não "cobre a nudez" de ninguém.
Ellen White: A luz de Adão e Eva era visível, brilhante e desapareceu quando pecaram. Segundo ela, foi o desaparecimento dessa luz que os deixou nus.
A Falácia de Borges: Michelson comete o erro lógico de equivocação. Ele pega a palavra "luz" usada pela ciência (fótons invisíveis metabólicos) e a equipara à "luz" usada por White (glória sobrenatural visível). É como dizer que a Bíblia previu a eletricidade porque Jesus disse: "Eu vi Satanás cair como um relâmpago".
Se Ellen White "tinha razão" por causa da bioluminescência, então Adão e Eva ainda teriam a veste de luz hoje (pois a bioluminescência continua existindo em nós). A ciência que ele usa para defendê-la na verdade a refuta, pois a luz biológica não sumiu com o pecado.
B. A Origem Oculta: Misticismo e Ficção
De onde Ellen White tirou essa ideia de "vestes de luz"? Não foi da Bíblia (Gênesis 2:25 diz apenas que estavam "nus e não se envergonhavam", não que estavam "vestidos de luz").
A ideia vem de tradições místicas judaicas (Zohar/Cabala) e, mais provavelmente, de John Milton em Paraíso Perdido, um livro que estava na biblioteca de Ellen White e do qual ela copiou várias ideias (como a batalha no céu).
"Ouvi falar de um povo [em outro planeta]... seus rostos brilhavam com a santa imagem de Jesus... Perguntei a um deles por que eram tão mais formosos que os da Terra. A resposta foi: 'Nós vivemos em estrita obediência... mas os habitantes da Terra desobedeceram'."
— Primeiros Escritos, p. 40.
Para White, a luz física é um subproduto direto da obediência moral. Isso é vitalismo místico, não biologia.
C. Outros "Acertos" Científicos Duvidosos
Ao validar a "ciência" de Ellen White neste ponto, Borges abre a porta para que aceitemos o restante de sua "ciência inspirada", que inclui:
A Amalgamação: Ellen White afirmou que "certas raças de homens" (negros/indígenas, segundo intérpretes da época) eram fruto da cruzamento entre homens e animais (Spiritual Gifts, Vol. 3, p. 64, 75).
A Masturbação Mortal: Ela ensinou que a masturbação ("vício solitário") causava "cancro, tuberculose, deformidade da espinha, imbecilidade e morte" (Testimonies, Vol. 2, p. 391, 481).
Perucas e Loucura: Ela escreveu que o uso de perucas ou cabelo artificial "aquece o cérebro" e causa perda da razão (Health Reformer, Out. 1871).
Conclusão do Ponto 3:
Quando Michelson Borges diz "Ellen White tinha razão", ele está fazendo cherry-picking (seleção de cerejas). Ele pega uma coincidência semântica ("luz") e a transforma em prova profética, enquanto varre para baixo do tapete as centenas de afirmações médicas e científicas de Ellen White que são hoje motivo de piada ou vergonha. A "luz" de Ellen White não ilumina a ciência; ela apenas ofusca a credulidade dos fiéis.
4. Pastoras e Profetisas: O Malabarismo Hermenêutico
A Defesa de Borges:
Respondendo aos comentários de "MFC Paul" e "Leonardo Ribeiro" sobre o ministério feminino, Michelson Borges constrói uma distinção teológica conveniente:
Pastoras: Não podem ser ordenadas porque "não havia sacerdotisas no Antigo Testamento" e nem pastoras no Novo.
Profetisas: Podem existir e exercer autoridade, porque a Bíblia cita Débora, Hulda e as filhas de Filipe.
Essa ginástica argumentativa serve a um único propósito: preservar a autoridade de Ellen White (uma mulher) sobre a igreja mundial, enquanto mantém as mulheres atuais fora da liderança pastoral (ordenação).
A Contradição Bíblica e Institucional:
A. A Profetisa que Manda nos Pastores
Borges argumenta que o papel de profeta é diferente do papel de pastor. Biblicamente, sim. Mas na prática da IASD, Ellen White exerceu (e exerce) a função de Super-Pastora Global.
1 Timóteo 2:12: "Não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem." (Texto usado pela IASD para barrar a ordenação feminina).
A Prática Whiteana: Ellen White não apenas "ensinava"; ela definia doutrinas para todos os homens da igreja. Ela não apenas "exercia autoridade"; ela demitia pastores, reorganizava a Associação Geral (1901), repreendia presidentes e decidia onde o dinheiro da igreja seria gasto.
O Paradoxo: Se Paulo proíbe mulher de ter autoridade sobre homem na igreja, como a IASD aceita que uma mulher (Ellen White) tenha autoridade suprema sobre todos os homens da denominação por 150 anos?
Michelson Borges defende que uma mulher não pode ser pastora de uma igreja local de 50 membros (porque violaria a "cabeça masculina"), mas defende que uma mulher (White) seja a guia espiritual e doutrinária de 22 milhões de membros. Isso é incoerência hermenêutica.
B. As Filhas de Filipe vs. A "Mensageira do Senhor"
Borges cita as "filhas de Filipe" (Atos 21:9) para validar White. Mas vamos ao texto bíblico:
O texto diz apenas: "Tinha este quatro filhas virgens que profetizavam."
Não há registro de que elas escreveram livros canônicos, estabeleceram doutrinas ou governaram a igreja.
Quando Deus quis dar uma mensagem direcional a Paulo naquele mesmo capítulo, Ele enviou um profeta homem, Ágabo (Atos 21:10), não as filhas de Filipe.
Ellen White não agiu como as filhas de Filipe (profecia local/ocasional); ela agiu como Moisés (legisladora e líder do êxodo). Usar Atos 21:9 para justificar a autoridade quase papal de Ellen White é forçar o texto além de qualquer limite exegético.
C. Sacerdotisas vs. Profetisas: Um Argumento Frágil
Borges diz: "Não temos sacerdotisas na Bíblia".
Este argumento é um tiro no pé do protestantismo adventista.
Sacerdócio Universal: No Novo Testamento, todos os crentes são sacerdotes (1 Pedro 2:9). Não existe uma casta sacerdotal clerical. O pastor não é um "sacerdote" (mediador); ele é um presbítero (ancião/cuidador).
Se Pastor = Sacerdote: Se Borges usa a ausência de sacerdotisas levíticas para proibir pastoras, ele está catolicizando o pastorado, transformando-o em um sacerdócio mediador.
A Diaconisa Febe: Paulo recomenda Febe como diakonos (ministra/diaconisa) da igreja de Cencreia (Romanos 16:1). Ela era líder. Se a liderança feminina local é proibida, Paulo errou.
Conclusão do Ponto 4
A posição de Michelson Borges não é bíblica; é política.
A IASD precisa manter a proibição da ordenação feminina para agradar a ala conservadora e as divisões globais (África/América Latina). Mas, ao mesmo tempo, precisa manter a autoridade absoluta de Ellen White, pois sem ela a teologia adventista (Santuário, Juízo Investigativo, Sábado como Selo) desmorona.
O resultado é essa teologia Frankenstein:
Mulher no Púlpito Local: "Anátema! Paulo proibiu!"
Mulher no Trono Doutrinário (White): "Amém! A Bíblia permite!"
Michelson Borges não está defendendo a Bíblia; ele está defendendo a exceção institucional criada para acomodar a fundadora da seita.Conclusão: O Filtro de Michelson
Michelson Borges opera como um filtro de Instagram para o adventismo: ele suaviza as rugas, esconde as manchas (fanatismo, erros científicos, plágios) e apresenta uma imagem polida e cientificamente "validada" da seita.
Mas quando seguimos o conselho dele e "vamos aos originais" (seja em Primeiros Escritos ou nas primeiras edições não editadas), encontramos uma profetisa que viu anjos com cartões de ouro, Enoque em Saturno e afirmou que Deus odeia quem compra doces no Natal.
A "ciência" de Borges é seletiva, e sua teologia é uma colcha de retalhos desenhada para proteger Ellen White da irrelevância. A verdade, porém, não precisa de filtros.
Referências
WHITE, Ellen G. A Word to the Little Flock. Brunswich: James White, 1847.
Nota: Contém as primeiras visões astronômicas não editadas.
WHITE, Ellen G. Early Writings. Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1882.
Edição em Português: Primeiros Escritos. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira.
Citações Relevantes: Visão dos planetas (p. 40); Orações não ouvidas (p. 65).
WHITE, Ellen G. Patriarchs and Prophets. Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1890.
Edição em Português: Patriarcas e Profetas. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira.
Citação Relevante: Adão e Eva vestidos de luz (p. 45).
WHITE, Ellen G. Spiritual Gifts, Vol. 3. Battle Creek: Seventh-day Adventist Publishing Association, 1864.
Citação Relevante: A amalgamação de homens e animais (p. 64, 75).
WHITE, Ellen G. Testimonies for the Church, Vol. 1. Battle Creek: Steam Press of the Seventh-day Adventist Publishing Association, 1868.
Citação Relevante: Salvação pelo sábado (p. 705).
WHITE, Ellen G. Testimonies for the Church, Vol. 2. Battle Creek: Steam Press of the Seventh-day Adventist Publishing Association, 1871.
Referências Bibliográficas
BORGES, Michelson (). vídeo do astronauta da NASA que falou sobre alienígenas/demônios. .
(). 1 Co 4:9. Bíblia.
(). Hebreus 11:5. Bíblia.
(). Gênesis 5:24. Bíblia.
WHITE, Ellen (). Testemunhos Seletos, Vol. 3. .
WHITE, Ellen (1851). Review and Herald, 11 de setembro de 1851. .
WHITE, Ellen (). O Grande Conflito. .
WHITE, Ellen (1910). Review and Herald, 17 de fevereiro de 1910. .
WHITE, Ellen (). Testemunhos para a Igreja, Vol. 3. .
WHITE, Ellen (). História da Redenção. .
(). Gênesis 2:25. Bíblia.
MILTON, John (). Paraíso Perdido. .
WHITE, Ellen (1871). Health Reformer. .
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(). Atos 21:9. Bíblia.
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(). Romanos 16:1. Bíblia.
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